Título: Hugo Chávez reúne milhares
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Fonte: Jornal do Brasil, 06/02/2006, Internacional, p. A8
CARACAS - O presidente venezuelano, Hugo Chávez, empolgou uma multidão de seguidores em um comício, sábado, em Caracas ao afirmar que quer comprar mais armas para defender o país. A mobilização marcou o início de sua campanha para as eleições nacionais de dezembro.
Chávez afirmou que os 100 mil fuzis AK-47, comprados da Rússia, não são suficientes, porque ''a Venezuela precisa de um milhão de homens e mulheres armados''.
- É difícil que eles venham invadir, mas devem saber que, se isso acontecer, não lutarão apenas contra os militares, vão lutar com o povo venezuelano e outros povos desta parte do mundo, que tenho certeza que se rebelariam contra o império - expressou o governante, usando seu traje militar vermelho.
- Não queremos a guerra armada. Faremos tudo que estiver dentro dos princípios para evitá-la. Mas devemos estar preparados, pois é como diz o ditado: se você quer a paz, deve se preparar para a guerra - acrescentou o presidente, ressaltando acreditar que ''evitaremos a guerra porque surgiu uma consciência na opinião pública mundial, e não vai ser fácil para o império enfrentar meio mundo''.
Chávez afirmou que embora ''o império esteja em dificuldades, não deve ser subestimado''
- Mas também não devemos ter medo, porque o medo paralisa. Já não é tão fácil invadir um país. Vejam o que acontece no Iraque - destacou.
No ano passado, os Estados Unidos tentaram impedir a compra de 12 aviões militares espanhóis - fabricados com tecnologia americana - por parte de Caracas. Mas Madri anunciou, recentemente, que continuará vendendo equipamentos ao país latino, usando peças européias.
Referindo-se ao petróleo, principal moeda venezuelana nas relações comerciais internacionais, Chávez afirmou que se o governo Bush desejasse cortar laços diplomáticos com Caracas, ele fecharia todas as refinarias do país nos EUA:
- Vamos ver o que vai acontecer com o preço do petróleo - ameaçou.
O mandatário disse que o secretário de Defesa americano, Donald Rumsfeld, equivocou-se quando o comparou ao líder nazista Adolf Hitler:
- As atitudes imperialistas, genocidas e fascistas do presidente americano não têm limites. Acho que Hitler seria um bebê mamando perto de George Bush - provocou.
Na semana passada, as relações entre Venezuela e EUA entraram numa nova etapa de conflito, depois de a Inteligência venezuelana expulsar o adido naval da embaixada americana em Caracas, alegando o vazamento de documentos secretos rumo aos EUA.
O governo americano respondeu com a expulsão de Jenny Figueredo, chefe de gabinete da embaixada venezuelana em Washington.
Chávez levou ontem ao seu programa de rádio, ''Alô presidente'', a ativista americana Cheri Honkala, presidente da Campanha dos Pobres pelos Direitos Humanos e Econômicos nos Estados Unidos, que denunciou a situação das classe mais baixas no país inimigo.