Título: Diretoria pretende tombar área
Autor: Lígia Maria
Fonte: Jornal do Brasil, 06/02/2006, Brasília, p. D3

A diretoria da Unidade Vizinhança da 108 Sul quer o tombamento do clube, com a finalidade de conservar também a arquitetura do lugar. Para isso, Gérson Lima, presidente da entidade, está reunindo registros dos pioneiros da cidade, que frequentaram o local nos primeiros anos e podem dar testemunho da importância cultural do clube. Doze pessoas foram ouvidas até agora. Além disso, ele reúne documentos, como fotografias, informativos da época e outros registros. O pleito possui uma forte motivação. Segundo Lima, o fato de pertencer à área tombada garante apenas a preservação urbanística, o que não é pouco. Mas deixa margem para alterações nas obras, algo que ele considerava ruim, já que o clube foi frequentado por JK.

- Há quatro anos, quando fizemos o isolamento acústico do salão de festas, tivemos todo o cuidado de não mudar nada na fachada do prédio, que é de 1960 - diz o presidente.

Vera Ramos, diretora técnica do Iphan, explica que o tombamento isolado de uma obra reforça a preservação do projeto arquitetônico. Segundo ela, 19 monumentos que pertencem à área tombada, como a Igrejinha da 108, utilizaram-se desse recurso.

- Com o tombamento individual, conserva-se o desenho arquitetônico para a posteridade - afirma Vera.

Pioneiros - O salão do Clube Vizinhança foi cenário do primeiro concurso de misses em Brasília, o Broto do Ano, em junho de 1961. Os pioneiros Itamar Jardim, 74, e Paulo Manhaes, 66, contam que a proposta era promover a interação entre pessoas que vinham de diferentes partes do País.

- A segunda edição da Festas dos Estados, em 1961, também ocorreu aqui - comenta Manhaes.

Eles contam que o presidente Juscelino Kubitschek visitava o clube todos os dias, durante sua peregrinação às obras da cidade.

- Ele entrava pelos fundos do clube e subia observando e comentando todos os detalhes, até sair na entrada da frente e chegar à Escola Parque - relata Jardim.