Título: Cristovam ateia fogo à campanha
Autor: Helena Mader
Fonte: Jornal do Brasil, 19/11/2004, Brasília, p. D-1

A disputa pelo Buriti ainda não entrou nas discussões oficiais dos partidos, mas nos bastidores a corrida pelo governo do Distrito Federal já começou. Discretamente, prováveis candidatos estão lançando bases de campanha para 2006 e críticas incisivas para derrubar - com dois anos de antecedência - os potenciais oponentes. O senador Cristovam Buarque (PT-DF), nome preferido pelos petistas para a sucessão de Roriz, foi o último a dar pistas sobre suas intenções para as próximas eleições. Em discurso para mais de cem empresários na Federação das Indústrias (Fibra) esta semana, o senador criticou incisivamente o atual governo e mostrou idéias para curar o que ele chamou de ''doenças que atingem a cidade''.

Cristovam não nega que as propostas apresentadas fazem parte de uma plataforma de governo para a disputa de 2006. Mas também não confirma seu nome para a corrida pelo governo do DF.

- As propostas que apresentei certamente farão parte da plataforma de campanha do PT. Mas o candidato do partido tem que passar pelo Planalto e há pessoas no PT com melhores condições para se relacionar com o governo federal do que eu - garante o senador.

Cristovam lembra que a disputa pelo Buriti vai seguir a estratégia nacional do partido e não descarta o apoio do PT a um candidato de outra legenda.

As críticas de Cristovam não agradaram a aliados do governador. O senador afirmou que ''a indústria dos currais eleitorais e da demagogia encontrou em Brasília campo fértil e se transformou em marca da cidade'' e chamou o projeto de implantação do trem-bala de ''equívoco''.

O deputado federal Tadeu Filippelli (PMDB), que é secretário do GDF, disse que as críticas à ligação ferroviária mostram ''ignorância ou má fé'' do senador.

- Este foi um discurso demagógico e oportunista, com claras intenções eleitorais. Cristovam foi reprovado pelas urnas e não tem autoridade para criticar os programas de governo de Roriz - dispara Filippelli.

A líder do governo na Câmara Legislativa, Anilcéia Machado (PMDB), também criticou o discurso político de Cristovam e disse que ''o senador não tem autoridade para falar mal do governador''.

- Cristovam teve quatro anos para solucionar os problemas da cidade mas não o fez. Roriz tem mais de 80% de aceitação popular - exagerou (os índices de aprovação giram em torno de 70%).

Quando o assunto é a corrida pelo Buriti, os correligionários de Cristovam despistam. Mas o nome é quase unanimidade no partido.

- Como senador e ex-governador, Cristovam tem autoridade para falar sobre os problemas da cidade e para criticar a atual gestão. Ainda está cedo para falarmos em sucessão ao GDF. O PT está desarticulado na cidade e precisamos recuperar essa unidade - diz a deputada federal Maria José Maninha (PT-DF).

Para ela, Cristovam é o melhor nome do partido para a sucessão de Roriz. Opinião idêntica ao colega da Câmara Wasny de Roure (PT-DF).

- O governo atual é fraco e vulnerável quando o assunto é política pública. Cristovam está certo em criticar, por exemplo, o transporte da atual gestão, que está caótico. Cristovam seria o melhor nome do PT, mas precisamos amadurecer essas discussões - garante Wasny.