Título: Um novo marco para o futuro
Autor: José Roberto Arruda
Fonte: Jornal do Brasil, 03/02/2006, Brasília, p. D2

Amanhã, sábado, dia 4 de fevereiro, Corumbá IV será oficialmente inaugurada. A cerimônia, mais do que marcada pela pompa que merece a grandiosidade do investimento, está revestida de um significado: o comprometimento com o futuro. Poucas vezes, uma obra teve impacto tão significativo para futuras gerações. Corumbá é um marco na consolidação de nossa região. Basta ver os fatos.

O crescimento desordenado e acelerado da maioria dos 22 municípios do Entorno provocou uma sangria nos parcos recursos hídricos da região. Em quatro anos, a população do Entorno cresceu 29,7%. No mesmo período, o crescimento demográfico no país foi de 7,9%. Os reflexos disso para o futuro do DF são mais do que evidentes. Estudos apontavam que, em 10 anos, em um ponto de vista otimista, Brasília estaria diante do fantasma da escassez de água.

Essa escassez já pode ser vista em cidades vizinhas, como Luziânia e Águas Lindas. No cotidiano dos moradores dessas cidades, muitos ficam com as torneiras vazias durante alguns dias da semana, ou recebem uma quantidade de litros somente duas vezes por dia. Como não há esgoto e abastecimento para a maioria da população, a alternativa é perfurar poços para garantir o abastecimento diário da família, o que compromete ainda mais a bacia hidrográfica .

A Caesb, em conjunto com a Saneago, vem investindo nas cidades limítrofes para contornar esses problemas, seja com a criação de redes de esgoto que coíbam o prejuízo aos nossos mananciais, seja na instalação de redes de água, que possibilitem a redução da construção de poços artesianos que ameaçam secar os lençóis freáticos.

O investimento em Corumbá, orçado em mais de R$ 500 milhões, não esgota essas medidas. A Caesb terá de investir cerca de R$ 120 milhões em sistemas de tratamento de dejetos no DF se quiser reaproveitar a água da represa para abastecimento da população local.

Quando concluída essa nova fase, o DF terá garantido água para seus habitantes por pelo menos 100 anos. Serão 3,7 bilhões de metros cúbicos de água, o suficiente para atender a cerca de 40 milhões de pessoas por quase um século.

Mas não se esgota aí a monumentalidade da obra. Com o lago formado, com seus 173 quilômetros quadrados de extensão (cinco vezes mais do que o Paranoá), Corumbá IV pode gerar 127 megawatts de energia elétrica, o correspondente a 13% da atual demanda do DF. Uma energia que a CEB deixa de comprar em outros estados, o que permitirá a empresa investir no DF, seja na instalação de novas linhas, ou na consolidação das já existentes. Somente como exemplo, a energia de Corumbá IV chegará a Brasília por meio de uma linha independente de transmissão de 40 quilômetros de extensão.

Também não se deve esquecer que a usina está gerando empregos e irá impulsionar o turismo na região, com a potencial construção de novos pólos de lazer que aproveitarão a beleza do local.

Para muitos estudiosos, a palavra Corumbá vem do tupi ku'ru mba, significando um depósito de cascalhos. A partir do dia 04 de fevereiro, Corumbá passa a representar ''futuro garantido''. Graças à ousadia dos governadores Joaquim Roriz e Marconi Perillo e de todos os que trabalharam em Corumbá IV, homens que represam águas, mas não sonhos. Que não abrem só comportas, mas escancaram possibilidades. E que inscrevem seus nomes não só nos canteiros de obra, mas na história de toda uma região e, por que não, do próprio país em que vivem.