Título: Uruguai também quer barreiras
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Fonte: Jornal do Brasil, 03/02/2006, Economia & Negócios, p. A19
BRASÍLIA - O acordo que prevê a aplicação de salvaguardadas, firmado entre Brasil e Argentina na quarta-feira, pode abrir espaço para reivindicações semelhantes dos outros integrantes do Mercosul. Em visita ao Brasil, o chanceler uruguaio, Reinaldo Gargano, afirmou que o acordo é um sinal de que tanto Brasil como Argentina estão preocupados em resolver as assimetrias dentro do bloco e dá sinais de que vai reivindicar sua fatia. - Sabemos que esse é um esforço importante do Brasil, trata-se de uma atitude que aplaudimos. Naturalmente, precisamos observar com muito cuidado se isso não afeta as nossas relações com o Brasil e com a Argentina, mas não estamos descontentes. Entendemos a posição dos dois países e esperamos que (o posicionamento) também valha para o Uruguai e para os demais países do Mercosul - afirmou.
O Mecanismo de Adaptação Competitiva (MAC) prevê que tanto Brasil quanto Argentina poderão utilizar salvaguardas caso a importação de determinado produto do país vizinho cresça muito e prejudique a indústria local. Quanto à extensão do mecanismo aos outros integrantes do bloco, Amorim afirmou que é uma hipótese prevista no documento, mas que não será aplicada necessariamente.
- Reconhecemos que o Mercosul foi menos positivo do que deveria ter sido com as economias menores, mas não é restringindo exportações que iremos resolver isso. Devemos, sim, criar mercados para os produtos desses países, estudar maneiras de melhorar a demanda por esses produtos. Não conseguiremos atingir os objetivos do Mercosul se nos centrarmos na questão tarifária - afirmou.
Gargano minimizou as declarações feitas no início de janeiro pelo ministro da Economia do Uruguai, Danilo Astori, de que seu país estaria pronto para assinar um acordo de livre comércio com os Estados Unidos.
- Temos um processo de integração regional que estabelece normas muito claras sobre os acordos com países fora do bloco. Nós não vamos assinar acordos que prejudiquem relação com o Mercosul - garante. - Os Estados Unidos têm uma lista com 300 produtos sensíveis e a imensa maioria dos produtos exportados pelo Uruguai está nessa lista - disse.