Título: Capital abandonada pelo governo federal
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 19/11/2004, Brasília, p. D-8

A falta de investimentos federais para a manutenção de Brasília como capital do País é uma peculiaridade bem brasileira que não acontece nas outras cidades planejadas como Ottawa, Washington e Camberra. Os representantes dessas capitais, reunidos em Brasília no 4º Fórum Capitals Alliance, ficaram surpresos ao saber que o Complexo Cultural, na Esplanada dos Ministérios, está sendo totalmente construído apenas com recursos do GDF. Nas demais capitais membros do Capitals Alliance, é o governo federal que investe recursos na sua manutenção por meio de órgãos criados especialmente para estudar e preservar o patrimônio cultural. Essas entidades também têm a responsabilidade de promover as festas culturais e cívicas que ocorrem em Washington, Ottawa e Camberra, diferente do que acontece em Brasília.

Segundo o secretário de Cultura, Pedro Borio, o maior obstáculo do governo local para fazer uma celebração na Praça dos Três Poderes é a necessidade de uma articulação com o Executivo federal, o Legislativo e o Judiciário ''o que acaba dificultando a realização dos eventos''.

Pedro Borio foi o palestrante de ontem no 4º Fórum Capitals Alliance, que vai até amanhã em um hotel da cidade. Ele explicou como Brasília administra as comemorações nacionais, as celebrações e os valores culturais. E explicou aos participantes do encontro que os brasileiros ainda têm uma imagem negativa da capital do Brasil, em função da má imagem criada pelos políticos e que o maior desafio do governo local é mudar essa cultura. Para isso, instituiu o Programa Brasília em Alta, para atrair turistas à capital nos meses de julho e agosto, período de frio nos estados do Sul e Sudeste. Um outro desafio é trazer para Brasília a imprensa estrangeira, ainda sediada no Rio de Janeiro.

- Não é possível acompanhar o Brasil fora da capital. Por isso Brasília é totalmente distorcida pela imprensa estrangeira.

Segundo ele, o GDF estuda novas vocações culturais para a capital da República e que o objetivo é investir em outras alternativas de comemorações nacionais, como por exemplo a abertura do Congresso Nacional, a posse do presidente da República e as cerimônias de chegada dos missões diplomáticas e delegações estrangeiras.