Título: Brasil é terceiro mercado do Viagra
Autor: Bruno Rosa
Fonte: Jornal do Brasil, 05/02/2006, Economia & Negócios, p. A22

O Brasil alcançou no ano passado o posto de segundo maior mercado mundial de disfunção erétil. Atrás apenas dos Estados Unidos, o país movimentou cerca de US$ 160 milhões, uma alta de 35% em relação ao ano passado. Em 2005, o país também se tornou o terceiro maior consumidor de Viagra, medicamento pioneiro no segmento, superando a Alemanha - os EUA são líderes, seguidos pelo Reino Unido. Apesar de novas marcas terem conquistado espaço nos últimos anos, a Pfizer, fabricante do Viagra, aposta em novidades para se manter na liderança. A estratégia inclui embalagens com apenas duas unidades, a preços mais acessíveis, e investimentos publicitários maiores, com foco nos médicos. A expectativa é de que os negócios da marca cresçam cerca de 12% em 2006.

Sinônimo da categoria e considerado por especialistas uma revolução no tratamento da impotência sexual, o remédio é responsável por cerca de 5% dos negócios da multinacional. O Brasil é o segundo país que mais fabrica comprimidos do produto no mundo. São mais de 800 mil unidades mensais.

- Em alguns países, o mercado já está consolidado. Na Europa e na América do Norte, por exemplo, cresce entre 3% e 4% ao ano. Se o país continuar crescendo no mesmo ritmo dentro dos próximos quatro anos, poderá se tornar ainda mais importante - ressalta Mariano Garcia Valino, diretor de marketing do Viagra.

Para Valino, o país ainda tem um grande potencial de crescimento. No Brasil, mais de 25 milhões de homens sofrem problemas de disfunção. Segundo cálculos do executivo, apenas 1 milhão deles procuram tratamento médico.

- O produto é líder de mercado em todo o mundo. E ainda tem um apelo peculiar. A concorrência é boa e saudável, já que dá ao consumidor o poder de escolha - garante Valino, lembrando que os negócios da marca cresceram 12% no ano passado.

Por isso, a companhia lançou no Brasil, no fim de 2005, embalagem com duas unidades. Para Valino, a ''oferta com número menor de comprimidos permite maior acesso ao produto''. A caixa tradicional, com quatro unidades, não sai por menos de R$ 114. Já a nova fica por R$ 57.

Lançado há oito anos no Brasil, o Viagra foi o primeiro produto do gênero desenvolvido para o mercado. Depois de quatro anos com 100% das vendas do segmento, começou a enfrentar, em 1993, a concorrência de medicamentos como o Cialis, do laboratório Eli Lilly, e o Levitra, da Bayer. Ano passado, foi lançado o Vivanza, joint venture entre a Medley e a Bayer. Juntas, as três marcas já detém metade das vendas.

- O Brasil cresce muito. Não houve ano que o país tenha crescido menos que 10%. E a concorrência incrementa o barulho no setor. Apesar de o Viagra perder participação do mercado, o faturamento total aumenta e as vendas dos nossos produtos também. Por isso, não há perdas. O bolo vem crescendo - afirma Valino.

De acordo com o executivo, o Viagra é voltado para pacientes que querem um efeito maior por um tempo menor (até quatro horas). Já os concorrentes oferecem uma rigidez menor, porém com uma duração maior (até 36 horas). O remédio tem sido procurado também por jovens interessados em melhorar a performance sexual.

Valino reconhece que os jovens experimentam o produto, mas não são os clientes preferenciais.

- O Viagra não é contra-indicado. Porém, precisa de prescrição médica. É o médico que sabe quem precisa tomar - afirma.

O executivo acrescenta que, de acordo com pesquisas, 82% dos brasileiros têm relações sexuais até quatro horas depois de terem seu desejo despertado.

- É para esse público que estamos voltados - arremata.

A Pfizer aumenta este ano o investimento em marketing de sua marca. Cerca de 20% da verba é dirigida para os promotores nos pontos de venda. Outros 15% vão para amostras médicas e 30% para o patrocínio de congressos de medicina. O restante dos recursos é direcionado para estudos e publicações especializadas.