Título: Petista se nega a explicar voto contra cassação
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 03/02/2006, País, p. A4

BRASÍLIA - A deputada petista Ângela Guadagnin (SP) surpreendeu na quarta-feira passada quando votou no Conselho de Ética pela cassação do deputado Pedro Corrêa (PP-PE). Sempre em defesa dos representados envolvidos no suposto esquema de mensalão, Ângela resolveu sair da sua rotina de votar pela absolvição dos colegas. Ela, no entanto, se recusou a explicar o motivo. - Fui coerente sim com meu voto contra Corrêa. Busquei fazer meu papel. Acompanhei todo o processo e achei que as provas apresentadas eram suficientes para recomendar a cassação - avaliou ontem ao ser procurada pelo JB.

Até então, Ângela havia defendido penas mais brandas para os acusados, como a suspensão do mandato por alguns meses. Foi assim no caso dos mineiros Roberto Brant (PFL), Romeu Queiroz (PTB); dos petistas José Dirceu (SP) e Professor Luizinho (SP); além do líder do PL na Câmara, Sandro Mabel (GO) e Wanderval Santos (PL-SP).

Corrêa foi acusado por Marcos Valério de ter recebido R$ 4,1 milhões por intermédio do assessor do partido João Cláudio Genu. Segundo documentos da CPI dos Correios, ele teria se beneficiado com R$ 700 mil. Corrêa, presidente do PP, confirmou que o partido recebeu o valor do PT, para pagar despesas legais do então deputado Ronivon Santiago (AC). Em sua defesa, Corrêa alega que só não prestou contas do ''empréstimo'' porque o PT não lhe ofereceu o recibo.

Ângela não quis comentar quais as provas que orientaram seu voto. Segundo ela o passado de Corrêa - principalmente, as acusações de envolvimento dele com a máfia dos combustíveis e de contrabando de cigarros - não serviu para orientar seu voto.