Título: Cerco a governadores do PMDB
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 28/01/2006, País, p. A3

No mesmo dia da inauguração do Memorial do Corinthians, quando ficou frente a frente com os principais adversários políticos, o prefeito José Serra e o governador Geraldo Alckmin - ambos do PSDB de São Paulo -, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou o interesse em conversar com governadores do PMDB para amenizar resistências a um eventual apoio à sua campanha pela reeleição. Foi a primeira vez que os três concorrentes se encontraram desde o funeral do ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes, em agosto do ano passado.

No evento, que reuniu também três torcedores adversários - Lula é corintiano, Alckmin santista e Serra palmeirense -, o presidente defendeu a intervenção do governo federal para ''salvar o futebol brasileiro''. Mencionou o projeto que cria a Timemania, uma loteria para destinar recursos aos clubes:

- Alguns times brasileiros fazem parte do patrimônio cultural deste país. Não posso conceber o Brasil sem Flamengo, sem Botafogo, sem Fluminense - afirmou, citando clubes do Rio.

Para driblar a força tucana, o próximo passo de Lula será armar terreno para uma aliança, mesmo que extra-oficial, com o PMDB e atenuar as divergências provocadas por confrontos regionais entre os governadores peemedebistas e os petistas, como nos casos de Brasília, Santa Catarina e Paraná.

A investida de Lula irritou, contudo, o presidente do PMDB, deputado Michel Temer:

- Lula deve cuidar do seu quintal e, como presidente, dar um exemplo de integridade aos partidos e não interferir nas legendas - criticou.

Apesar disso, Temer não tentará inibir conversas de Lula com os governadores de seu partido. Está confiante na decisão do PMDB de lançar candidato próprio à Presidência:

No cenário traçado para o presidente por peemedebistas, as últimas pesquisas de intenção de voto indicariam que os pré-candidatos inscritos para as prévias do PMDB - o governador Germano Rigotto (RS), e o ex-governador do Rio Anthony Garotinho - não teriam como crescer.

Lula ouviu que, com sua recuperação nas pesquisas, e a força demonstrada por Serra (PSDB), um terceiro candidato não teria condições de competitividade. O do PMDB que vencer as prévias da legenda seria abandonado na corrida eleitoral.

Dessa forma, beneficiado pela derrubada da verticalização, Lula retomaria, de fato, a estratégia de 2002, quando obteve apoio de governadores do PMDB. Mesmo que tivessem de receber nos palanques o candidato oficial do partido, apoiariam o presidente nos bastidores.

- Até o momento, os governadores prometem apoiar os candidatos do PMDB - destacou Temer.