Título: Serraglio incluirá Aldo Rebelo no relatório final
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Fonte: Jornal do Brasil, 28/01/2006, País, p. A4

Além do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), afirmou ontem que também vai incluir no relatório final da comissão o ex-ministro Aldo Rebelo (Articulação Política) e o ex-presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), porque eles teriam sido informados sobre o mensalão. O relator ressalta, no entanto, que não vai responsabilizar nenhum dos três.

- Vou relatar o que a CPI tem. O presidente foi avisado do mensalão em duas oportunidades por meio do ex-deputado Roberto Jefferson.

Jefferson afirmou ter avisado duas vezes ao presidente Lula da suposta compra de apoio parlamentar pelo governo. Lula afirma que pediu ao então ministro Aldo Rebelo, atual presidente da Câmara, que averiguasse.

Aldo afirma que, após reportagem do Jornal do Brasil denunciando o esquema, avisou ao presidente que o então presidente da Casa, João Paulo Cunha, determinara que a Corregedoria da Câmara investigasse o caso.

A apuração não foi adiante, entretanto, porque o deputado Miro Teixeira (PT-RJ), apontado como principal fonte da denúncia ao jornal, negou que tivesse informações sobre o assunto.

- O presidente Lula passou a responsabilidade para a instância seguinte, o que lhe competia fazer. A CPI está verificando, no entanto, se ele realmente repassou a informação ao Aldo - disse Serraglio.

Tanto Aldo como João Paulo corroboram a informação divulgada.

Lula chamou o presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), ao Palácio do Planalto na última quarta-feira e reclamou das intenções do relator. Serraglio está sem apoio na comissão, mesmo entre os oposicionistas, para incluir o presidente da República no documento.

Para o relator, a reação às suas declarações seria uma continuidade da ''blindagem'' feita pelos partidos, inclusive da oposição, ao presidente da República.

- Meu raciocínio é que, se era para ser blindado, ele já foi blindado lá atrás. Quando o Roberto Jefferson falou lá atrás, os partidos poderiam ter tomado alguma atitude no sentido de responsabilizá-lo - afirmou.

Ainda de acordo com Serraglio, a decisão de poupar o presidente foi política.

- Houve um determinado momento em que os partidos, inclusive da oposição, refletiram sobre a conveniência ou não de provocar algo mais contundente contra o presidente da República. Isso é um juízo político, ou seja, de conveniência e oportunidade, não de justiça - destacou.

Apesar de Serraglio ressaltar que não pretende responsabilizar o presidente da República, mas apenas ''relatar'' que ele supostamente sabia do ''mensalão'', parlamentares aliados e da oposição resistem à idéia. Eles afirmam que isso equivale a um crime de responsabilidade, porque o presidente não teria tomado providências para coibir a prática.

Com Folhapress