Título: PSDB tira mais uma vaga de deputado a favor de cassação
Autor: Josie Jeronimo
Fonte: Jornal do Brasil, 31/01/2006, País, p. A2

Em um caso de ''mera coincidência'', o deputado Pedro Canedo (PP-GO) perdeu o mandato parlamentar ontem. Depois de denunciar coação para votar contra cassações, o parlamentar não demorou uma semana para perder a vaga no Conselho de Ética e do Congresso. Canedo era suplente do deputado Leonardo Vilela (PP-GO), licenciado para ocupar a Secretaria de Infra-Estrutura do governo de Goiás. A volta de Vilela foi antecipada em dois meses. Candidato à reeleição para deputado, Vilela precisaria deixar o governo em abril. A mudança aconteceu na véspera em que o conselho decidirá o futuro político do presidente do PP, Pedro Corrêa (PE), hoje.

- É uma mera coincidência. Saio triste, porque gostaria de utilizar o todo período que tenho direito, segundo a legislação eleitoral. Tenho uma PEC importante que queria votar - lamenta Canedo.

O deputado Pedro Canedo evita colocar mais lenha na discussão e perder vínculos com o partido. Diz que a saída estava prevista. Nega que a antecipação do afastamento da Câmara seja um puxão de orelhas da cúpula do PP devido às últimas votações no Conselho de Ética. Canedo, no entanto, não revela como votaria no caso de Corrêa.

- O governador de Goiás, Marconi Perillo, pediu que todos os secretários que tivessem intenção de se candidatar deveriam se desligar do governo até o dia 30 - diz.

A legislação não permite que Vilela exerça cargo no Executivo. O calendário eleitoral dá o prazo até 31 de março os pretendentes devem se afastar da máquina do estado.

A manobra teria sido o paliativo encontrado pelo PP para evitar constrangimentos no conselho, que resiste às denúncias de acordão para salvar ameaçados de cassação. Hoje os parlamentares do conselho votam o relatório de Carlos Sampaio (PSDB-SP) pedindo a cassação de Pedro Corrêa. Canedo ajudaria a selar o destino do presidente do partido ao qual é filiado.

Divido entre a fidelidade ao partido e as obrigações de conselheiro, Canedo irritou o presidente do PP com as últimas decisões que tomou. Como relator do processo contra Professor Luizinho (PT-SP), surpreendeu e deu parecer indicando a cassação do petista. Luizinho, que contava com a decisão favorável de Canedo para ser absolvido, perdeu as esperanças de manter o mandato. O clima de mal estar ficou evidente no conselho. O deputado goiano mudou o voto de última hora, para desespero da legenda que coleciona o maior número de parlamentares envolvidos no suposto esquema do mensalão.

A segunda - e mais dramática - cena de Canedo no conselho se deu na votação contra Brant. Semana passada, o relator do processo de Luizinho reclamou que estava sendo coagido a votar contra a cassação do deputado mineiro. O presidente do Conselho de Ética, Ricardo Izar (PTB-SP), chegou a interromper a sessão e denunciar complô para ''implodir'' o conselho.

Depois de algum tempo, Canedo recuou e colocou a imagem pessoal acima do partido. Votou pela cassação de Brant, mas integrantes do conselhos especularam que a decisão poderia custar a expulsão do PP.

Procurado pelo JB para explicar a antecipação do afastamento do secretário, o governador de Goiás afirmou somente que tomou a decisão ''para ninguém reclamar'' de favorecimento de funcionários do governo goiano.