Título: Balança comercial desfavorável
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Fonte: Jornal do Brasil, 09/02/2006, Economia & Negócios, p. A19

BRASÍLIA - Embora seja um dos maiores exportadores mundiais de carne bovina - tendo sido o líder até a descoberta dos focos de febre aftosa em Mato Grosso do Sul, no ano passado -, o Brasil mantém uma relação desfavorável com a Argentina no intercâmbio comercial do produto. Em 2004, de acordo com dados da Associação Brasileira dos Exportadores de Carne (Abiec), o país exportou US$ 104 mil e comprou US$ 23 milhões do vizinho. Em 2005, até o mês de novembro, a aceleração das vendas em 54% (para US$ 161 mil) não foi suficiente para fazer frente às importações, que cresceram para US$ 29 milhões, no mesmo momento em que a carne brasileira era mantida sob embargo. O total equivale a 38% dos US$ 76 milhões que foram gastos em importação de carne bovina no ano passado.

Em seu site, o jornal argentino La Nación lamenta o surgimento de focos da doença e o embargo imposto pelos países vizinhos. ''Em poucas horas, o país perdeu o que custou meses a conseguir (...) gerando perdas milionárias para a indústria nacional''. Segundo o periódico, a aftosa impedirá que se repita em 2006 o resultado de US$ 1,4 bilhão em exportações de carne. Já o Clarín alerta para o impacto da doença sobre diversos setores da economia e que o país perde, com o foco, a condição de território livre da doença que lhe permitiu conquistar mercados no passado.

Além da Argentina, outros 55 países mantém embargo à carne brasileira, quatro meses após o surgimento dos primeiros focos em território nacional. O vizinho que agora se tornou vítima da aftosa havia suspendido a compra de animais vivos, carne e subprodutos dos estados do Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo, e da carne maturada e desossada de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.

Dos países que continuam com o embargo, 10 suspenderam a compra da carne de todo o Brasil, mesmo se proveniente de estados onde não há suspeita da doença.

No Mato Grosso do Sul, foram encontrados 28 focos de febre aftosa e mais de 30 mil animais foram sacrificados em outubro. No Paraná, um foco da doença foi confirmado.

Na semana passada, o diretor do departamento de Defesa Animal (DSA), Jorge Caetano informou que o governo espera uma análise mais profunda dos resultados dos testes sobre a doença para divulgá-los.