Título: Brasil embarga carne da Argentina
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Fonte: Jornal do Brasil, 09/02/2006, Economia & Negócios, p. A19

Confirmação de foco de aftosa no país vizinho leva governo a suspender parcialmente importações

BRASÍLIA - O Ministério da Agricultura anunciou ontem a suspensão parcial da importação de carne da Argentina e o trânsito de gado vivo, após o país vizinho ter confirmado o surgimento de focos da febre aftosa na Província de Corrientes (nordeste), que faz fronteira com o Rio Grande do Sul. A decisão está em linha com o embargo à carne brasileira, decretado pelo governo da Argentina quando foram detectados animais doentes em Mato Grosso do Sul, ano passado.

A medida não atinge carne maturada nem desossada. Hoje, a secretaria de Defesa Animal vai avaliar se haverá necessidade de aumentar o rigor do embargo. Chile e Uruguai também anunciaram suspensão preventiva da importação do produto argentino.

O foco está localizado a 25 km do Paraguai e a 40 km da fronteira com o Brasil, no Estado do Rio Grande do Sul. Segundo o Ministério da Agricultura, o comunicado oficial foi feito ao Brasil pelo presidente do Serviço de Nacional de Segurança Agroalimentar da Argentina (Senasa), Jorge Néstor Amaya. O ministério informou ter repassado orientação às superintendências regionais para que a vigilância nos locais próximos ao foco fosse reforçada.

O Senasa informou que irá sacrificar animais infectados com a doença e determinou um período de quarentena à região em que foi detectado o foco e suas proximidades.

Os inspetores do órgão detectaram a presença de aftosa em 70 cabeças de gado em uma fazenda da região. Foi determinada a criação de um cordão sanitário de 20 km ao redor da região onde surgiram os focos da doença.

Segundo Amaya, o governo argentino já informou oficialmente a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) e as autoridades sanitárias dos parceiros da Argentina no Mercosul.

De acordo com o Senasa, há o risco de que cerca de 3 mil animais possam ser infectados pela doença na região. As suspeitas de aftosa no país surgiram no sábado.

O Senasa informou ainda que, além das medidas de isolamento do local, recomendará ao serviço sanitário que acelere a vacinação do gado da região e que seja rastreado todo o movimento do gado da fazenda para determinar a origem da doença.

A proibição uruguaia para o ingresso de carne e gado argentino valerá até que o país possa fazer uma ''análise de risco'' sobre a possibilidade de contaminação da doença. Da mesma forma, o Chile também informou que a decisão é ''temporária''.

O governo do Rio Grande do Sul inspecionará o gado vindo da Argentina nas barreiras sanitárias de Barra do Guarita, Porto Soberbo (município de Tiradentes do Sul), Porto Mauá, Porto Vera Cruz, Porto Xavier e São Nicolau. O Ministério da Agricultura é responsável pela fiscalização em outras três barreiras, nos municípios de Uruguaiana, Itaqui e São Borja.