Título: Sai projeto para clubes de vizinhança
Autor: Lígia Maria
Fonte: Jornal do Brasil, 09/02/2006, Brasília, p. D8

Administração de Brasília apresentou maquete para incentivar comunidades a assumir espaços reservados para lazer

Os cinco terrenos vazios da Asa Norte e Asa Sul que se destinam à construção de Unidades Vizinhança ganharam ontem do governo uma alternativa. A Administração de Brasília apresentou uma maquete e um anteprojeto arquitetônico para sensibilizar a comunidade a se organizar e assumir a ocupação desses espaços - por meio de concessão de uso de terreno. A proposta prevê um complexo de lazer com duas piscinas, oito quadras de esporte, doze churrasqueiras e outras obras. - De acordo com a concepção do projeto original de Brasília, esses terrenos pertencem a comunidade - disse o administrador.

Para Ricardo Pires, presidente do Conselho Comunitário da Asa Sul, a iniciativa de propor um projeto-padrão tornará mais fácil convencer as pessoas sobre a importância dos clubes. Pires acredita que a população precisa ser esclarecida sobre o assunto, para que a proposta venha a ter sucesso. Ele planeja realizar reuniões para debater propostas e espera começar pelas quadras 104 e 105 Sul, já que o diretoria da Unidade Clube Vizinhança da 108 Sul planeja obter a concessão desse terreno para construir o Centro Esportivo.

- Como o Clube Vizinhança foi pensado para socializar os moradores das superquadras, a preferência é das comunidades que estão nesses locais - afirmou Pires.

Críticas - De acordo com Clayton Aquiar, administrador de Brasília, não basta que a comunidade assuma o empreendimento: é preciso ainda que as obras correspondam à vontade da maioria dos moradores das superquadras onde se localizam os terrenos.

- Se a comunidade decidir que não quer, será preciso dar outra destinação ao terreno, pois não podemos deixá-los vazios - declarou o administrador.

Para Vera Ramos, diretora técnica do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a mudança na legislação - que prevê a preservação de uso dos espaços - feriria a proposta de Lúcio Costa.

- O ideal é que as prefeituras de quadras e superquadras assumam esses clubes e não modifiquem o projeto do Plano Piloto, que precisa de apoio para alcançar a plenitude de sua proposta - disse a diretora.

Gérson Lima, diretor-presidente do Clube Vizinhança, disse que a proposta fracassará caso fique a cargo apenas dos moradores das superquadras. Segundo ele, para levar a idéia à frente se precisará da participação de uma associação que já efetue arrecadação de dinheiro na comunidade, pois as pessoas relutam quando se trata de colocar a mão no bolso.

Ele acredita que a proposta do governo deve ser vista só como ponto de partida. Além disso, Lima acredita que o governo deve abrir caminhos para a comunidade assumir as obras.

- Sem dar condições mínimas, os terrenos vão continuar vazios - afirma o presidente.