Título: Brunelli cria impasse na Câmara
Autor: Eruza Rodrigues
Fonte: Jornal do Brasil, 09/02/2006, Brasília, p. D3
Dois partidos cobiçam seu cargo, a estratégica presidência da CCJ, distrital diz que abre mão, mas acordo não sai As presidências da nove comissões permanentes da Câmara Legislativa serão definidas hoje. A eleição será às 16 horas, no plenário. O imbróglio continua nas mãos do presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), deputado Júnior Brunelli (PFL), responsável pela análise da constitucionalidade de todos os projetos de lei que passam pelo Legislativo. Seu cargo é o mais cobiçado da Casa e está na mira de dois partidos: PT e PMDB. Apesar do impasse, o distrital anunciou que pode abrir mão do posto. Antes da votação, os parlamentares se reúnem, mais uma vez, para tentar chegar a um acordo. - Tudo é possível. Troco o cargo pela presidência da Câmara - ironizou o pefelista.
Para resolver a situação, 16 deputados participaram ontem de uma reunião na sala da liderança do PMDB na Casa. Ao sair do encontro, a distrital Eliana Pedrosa, afirmou que Brunelli está disposto a ceder e ficar com outra presidência. Uma das alternativas seria a Comissão de Ética e Decoro Parlamentar. Segundo ela, a decisão de manter o acordo sobre a manutenção da atual composição, que foi firmado entre PFL, Prona, PT e PP no final de 2004, ratificado em dezembro passado, depende do pefelista.
- A possibilidade de haver mudanças existe. Mas o PFL fez um compromisso para eleger a atual Mesa Diretora de reconduzir o Brunelli à CCJ - explicou Pedrosa.
Mudanças - Quem está torcendo pela saída de Brunelli é a líder de governo, Anilcéia Machado (PMDB), Ela não esconde o descontentamento com o distrital, que no ano passado foi acusado de ser o autor de uma emenda que dispensava os alvarás para as igrejas. A alteração incluída misteriosamente em um projeto da peemedebista virou lei e foi alvo de uma ação direta de inconstitucionalidade, ajuizada pelo Ministério Público do DF e Territórios.
Na disputa, o PT quer indicar o nome do futuro presidente da CCJ. Poderia ser o deputado Chico Vigilante ou o deputado Chico Leite. Para isso, colocou à disposição dos colegas as três comissões que preside, além da Ouvidoria.
- Vamos continuar a discussão, já que o PMDB se sente inferiorizado em relação aos cargos e o PFL defendeu seus postos, mas não aceitamos perder espaco - informou o líder do PT, Paulo Tadeu.
Mesmo sem a briga se resolver, o presidente da Câmara, Fábio Barcellos (PFL), promete que não vai adiar a eleição nem deixar cargos vagos, caso os líderes partidários tentem impedir a votação.
- Se houver problemas, tenho poder de indicar os nomes. Nada afetará a lisura do processo - garantiu Barcellos.