Título: Usina de lixo é outra vez multada
Autor: Patrícia Alencar
Fonte: Jornal do Brasil, 31/01/2006, Brasília, p. D5

A Qualix Serviços Ambientais, empresa responsável pela Usina de Incineração de Lixo Especial, em Ceilândia, foi multada ontem em R$ 20 mil. Os fiscais do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e de Recursos Naturais Renováveis (Ibama-DF) constataram que a empresa não incinerou o lixo hospitalar despejado em valas provisórias desde dezembro passado. As calhas que coletam o chorume da usina de compostagem não foram cobertas. O adubo acumulado a céu aberto também deveria está coberto com lonas.

A empresa tem dez dias para cumprir as exigências, impostas, em outubro, quando a usina foi fechada por estar com incinerador quebrado e sem condições de dar destinação adequada ao lixo hospitalar do DF. A partir de ontem a Qualix terá de pagar multa diária de R$ 20 mil, até que cumpra as determinações do Ibama. Além disso, poderá ser novamente interditada.

A contratação da empresa - Percicial Engenharia Ltda - responsável pelo monitoramento do filtro da chaminé do incinerador, que ficou a semana passada sem funcionar, só foi realizada no dia 6 deste mês, quando deveria ter ocorrido em outubro.

O gerente-executivo do Ibama-DF, Francisco Palhares, afirmou que lixo hospitalar não deve ser armazenado em valas e, sim, levado direto para o incinerador.

- Por mês, o incinerador pode ficar sem operar durante três dias, para manutenção. A Qualix não vem respeitando esse prazo. A manutenção vem se alongando. Suspeitamos que o problema seja mais grave. Na sexta-feira, a Qualix solicitou a permissão para reutilizar a vala para depósito de lixo, em razão do defeito no incinerador. Nós não concedemos a autorização. Essas valas não são para ser usadas. Elas foram implantadas emergencialmente, apenas para receber o lixo naquela situação crítica do ano passado - afirmou Palhares.

Poluição - Com a paralisação do incinerador, cerca de 60 toneladas de lixo domiciliar e 15 toneladas de lixo hospitalar (dentro de contêineres) estão acumuladas no pátio da usina. O gerente do Ibama explicou que mais uma vez a empresa está estocando lixo de forma equivocada e em local inadequado.

Palhares afirmou que, ''com certeza'' está ocorrendo o vazamento de chorume da usina de compostagem para o Córrego do Valo. Segundo ele, com o período de chuvas a situação torna-se mais grave.

O gerente da usina de Ceilândia, José Gomes Pinto, disse que incinerador só ficou paralisado três dias por defeito de algumas peças. Ele garantiu que o desligamento do equipamento não comprometeu o trabalho da usina.

- Por dia, incineramos aproximadamente 30 toneladas de lixo doméstico e hospitalar. Como tivemos esse contratempo, o lixo acabou acumulando. Mas até o final desta semana tudo será normalizado - afirmou José Gomes.

A assessoria da Qualix informou que a empresa tem dez dias para apresentar a defesa ao Ibama. Pelos dados apresentados pela Qualix, há 480 toneladas de lixo nas valas, que têm capacidade para cerca de 1.300 toneladas, aguardando a incineração. A empresa alegou que o incinerador ficou parado devido à troca de uma tubulação, o que comprometeu os trabalhos na usina.

A Qualix informou ainda, por meio da assessoria de imprensa, que hoje será iniciada a análise da fumaça emitida pelo incinerado. O laudo deverá ser divulgado dentro de 40 dias.

Caos - O gerente-executivo do Ibama afirmou que a situação do lixo no Distrito Federal está crítica. Depois de 90 dias da interdição da usina, a Qualix não tomou nenhuma providência para melhorar o serviço.

- Depois de três meses do último embargo, em outubro, nenhuma reformulação do sistema de coleta, transbordo e destinação final do lixo hospitalar e doméstico-foi concretizada. Isso traz prejuízos financeiro e sociais para as comunidades que vivem da separação do lixo e não estão podendo ter acesso aos rejeitos - explicou Palhares.

O governo do DF deverá abrir licitação, dia 20 de fevereiro, para escolher empresa responsável pela varrição, coleta de lixo, administração e incineração de resíduos hospitalares.