Título: Brasil ainda acredita em solução por diálogo
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Fonte: Jornal do Brasil, 05/02/2006, Internacional, p. A14

BRASÍLIA - O Brasil foi um dos 26 países que - no âmbito da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) - decidiram ontem denunciar o programa nuclear do Irã ao Conselho de Segurança da ONU, contra os votos de Cuba, Síria e Venezuela, além da abstenção de cinco outros. Mas o Itamaraty esclareceu que a delegação brasileira votou à favor porque a resolução apenas ''informa'' ao Conselho de Segurança sobre as medidas que deverão ser tomadas pelo Irã para que resgate a confiança da comunidade internacional, sem previsão oficial de sanções.

''O Brasil confia em que o Irã esclarecerá as questões formuladas pela AIEA no mais breve prazo possível. Nesse sentido, exorta o Irã e todas as partes envolvidas a que se abstenham de medidas e gestos que possam levar a um agravamento da situação'', esclarece a nota divulgada ontem pela chancelaria.

Ainda conforme o comunicado, os representantes brasileiros ressaltaram que ''questões relativas à segurança internacional devem ser resolvidas pelo diálogo''.

''O Brasil continuará a avaliar a situação em seus próprios méritos, com apego estrito ao cumprimento das obrigações decorrentes do TNP (Tratado de Não-Proliferação Nuclear), inclusive o respeito ao direito de todos os países membros de desenvolver pesquisas com energia nuclear para fins pacíficos'', informou a nota.

Em 2003, a AIEA comprovou que o Irã mantinha instalações nucleares. Teerã então concordou em congelar o programa de enriquecimento de urânio e assinou o TNP. Em janeiro, porém, o governo iraniano informou a retomada do programa, o que levou a AIEA a cogitar a denúncia do país ao Conselho de Segurança, que pode impor sanções econômicas e políticas à república islâmica, apesar de isto não estar incluído na resolução encaminhada pela agência.

Por exigência do Egito, há uma cláusula mencionando o objetivo de ter um ''Oriente Médio livre de armas de destruição em massa'', em alusão a Israel, suspeito de possuir arsenal atômico. Acredita-se que a Síria também tenha armas químicas ou biológicas.