Título: Dinheiro para a seca
Autor: Karla Correia
Fonte: Jornal do Brasil, 07/02/2006, País, p. A3

Na véspera da viagem à Àfrica, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou também ontem Medida Provisória liberando R$ 80 milhões para atender à população atingida pela seca no Nordeste. Os recursos serão liberados pelo Ministério da Integração Nacional que retomará a Operação Carro-Pipa, que foi suspensa na semana passada por falta de dinheiro. Apesar da situação crítica em vários municípios dos Estados nordestinos, a assessoria do Ministério da Integração informou que o dinheiro também será destinado à retomada das ações voltadas para atendimento aos municípios atingidos por enchentes nas regiões Sul e Sudeste.

A seca afetou seis Estados do Nordeste: 16 municípios decretaram estado de emergência em Pernambuco, 111 na Paraíba, 80 no Rio Grande do Norte, 142 municípios no Ceará, 97 no Piauí e 76 municípios na Bahia.

Ao todo, os Estados vão dividir R$ 35 milhões. De setembro a dezembro do ano passado, o Ministério da Integração Nacional investiu R$ 22,9 milhões na distribuição emergencial de água para atenuar efeitos da seca.

Hoje, o presidente Lula parte para a sua quinta visita à África durante o mandato. Dessa vez, ele passará apenas por países democráticos.

- É uma viagem de cunho político, são quatro países que são representativos da democracia na África - disse o embaixador Pedro Motta Pinto Coelho, subsecretário-geral político para África, Ásia, Oceania e Oriente Médio do Ministério das Relações Exteriores. A viagem combina interesses comerciais e o cultivo de laços políticos e históricos.

Lula chega à Argélia nesta quarta e depois visita Benin, Botsuana e África do Sul, de onde parte no domingo.

A Argélia é responsável pelo segundo maior déficit do Brasil com a África, em torno de US$ 2,5 bilhões. Lá poderão haver acordos na área de exploração de gás, segundo membros do governo.

Na África do Sul, Lula deve aproveitar a presença de outros líderes para tentar fazer sair do papel sua proposta de um encontro de líderes mundiais para destravar a Rodada Comercial Doha, parada em razão de impasse entre europeus, norte-americanos e países em desenvolvimento. Menor dos quatro países, Benin é o que tem maior identidade histórica com o Brasil.