Título: A escola entra na campanha
Autor: Karla Correia
Fonte: Jornal do Brasil, 07/02/2006, País, p. A3

Em pleno ritmo de campanha, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi à escola ontem para anunciar duas boas novas: a incorporação do pré-primário ao ensino fundamental, que agora terá 9 anos, e a concessão de bolsas de pesquisa a professores que participem de cursos de formação do Ministério da Educação. Os funcionários do MEC também foram contemplados com uma notícia que não esperavam vir tão cedo: o presidente mandou o ministro Fernando Haddad lançar, ainda este mês, um plano de carreira para a categoria. A estratégia deu certo: um protesto dos servidores contra a ausência do plano se transformou em manifestação de agradecimento ao presidente. Lula, que havia entrado pela garagem do ministério, para escapar dos manifestantes, saiu aplaudido da solenidade de lançamento dos programas. O presidente não perdeu a chance de capitalizar a saudação e fez questão de cumprimentar os servidores.

Assim que a cerimônia foi encerrada, Fernando Haddad saiu do prédio do ministério para encontrar os manifestantes e anunciar o lançamento do plano de carreira, que deve ser implementado a partir de 2007. Bem orquestrada, a manifestação, organizada pelos funcionários do MEC, logo se transformou em um ato de agradecimento a Lula.

Há 25 anos os servidores do Ministério da Educação esperam pelo plano de cargos. Entre as reivindicações dos manifestantes estão também a paridade com os funcionários da administração direta do ministério e do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE) e do Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Um dos projetos sancionados ontem amplia o período do ensino fundamental de oito para nove anos. Na prática é a incorporação do pré-primário - que até agora não era obrigatório no período inicial de currículo escolar. Isso fará com que as crianças devam ser matriculadas a partir dos seis anos. A expectativa do governo é que até 2010 todos os municípios brasileiros estejam adaptados à nova configuração.

Para Lula, a extensão do período de ensino fundamental fará com que o Brasil se equipare aos países mais desenvolvidos do mundo em termos de educação.

- As pessoas estão proibidas de utilizar a palavra gasto quando se fala em educação - discursou Lula, aproveitando para fazer uma defesa do projeto de lei da reforma universitária, que o governo tenta enviar ao Congresso há quase dois anos, sem sucesso.

O outro projeto sancionado ontem cria bolsas mensais de estudo e pesquisa para professores do ensino básico que participam de programas de formação do MEC. O valor das bolsas varia entre R$ 100 e R$ 1,2 mil, e pode ser atualizado uma vez por ano. Os recursos para financiar as bolsas vêm do Orçamento, e serão repassados pelo FNDE.