Título: Líder empresarial critica o governo
Autor: Daniel Pereira, Fernando Nakagawa e Juliana Rocha
Fonte: Jornal do Brasil, 09/02/2006, País, p. A3

BRASÍLIA - O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, fez duras críticas à política econômica do governo Lula, durante a visita de ontem ao Congresso. Ele afirmou que irá apoiar o candidato à Presidência que ''não tiver medo do crescimento da economia''. Nas eleições de 2002, Lula contava com apoio do empresariado - aliados importantes que ajudaram o mercado financeiro e o eleitorado a superar o medo do então candidato petista. - A economia não vai ser prioridade se quem comanda a política econômica é um grupo de técnicos que só vê moeda e inflação - afirmou Skaf, sem citar nomes para o candidato que será apoiado pela entidade empresarial nas próximas eleições.

Na crítica, o empresário referia-se aos juros altos praticados pelo Banco Central para conter o aumento de preços. Este têm sido o principal argumento dos empresários para atacar o presidente Lula.

Na opinião de Skaf, o governo não deveria ser tão rígido com a meta de inflação, já que o aumento dos preços não estão em ''80% ao ano''.

Em reunião com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o presidente da Fiesp pediu que o Congresso alivie a legislação cambial do país.

- Temos de desengessar a legislação cambial. São milhões que poderiam ser economizados com as mudanças na lei - disse Skaf, sobre o projeto que extingue o prazo para que os exportadores façam a conversão em reais de receitas em moedas estrangeiras.

Calheiros respondeu ao empresário que está otimista que o projeto seja aprovado neste ano. O líder do governo no Congresso, senador Fernando Bezerra (PTB-RN), concorda. Ele é o relator da proposta elaborada pela Fiesp.

- A reforma da legislação cambial, com os acertos que serão feitos pelo Poder Legislativo, contribuirá para a eliminação de uma série de entraves que prejudicam nossos exportadores - disse o presidente do Senado.

Com a nova lei, os empresários poderão escolher o melhor momento para realizar a operação de converter receita em dólares para reais. Os exportadores também terão a possibilidade de cancelar débitos e créditos em moedas estrangeiras de forma automática. Hoje, o empresário é obrigado a fazer a operação assim que recebe do cliente no mercado externo. Depois, tem de converter novamente a moeda nacional em dólares para pagar as dívidas externas. Estima-se que, no sistema atual, o exportador gaste até 4% de sua receita com as conversões. O projeto autoriza a abertura de conta corrente em moeda estrangeira em instituições autorizadas pelo BC.

Antes da cerimônia de apresentação do projeto de reforma na legislação cambial, Paulo Skaf e os presidentes da Confederação Nacional da Indústria (CNI), deputado federal Armando Monteiro Neto (PTB-PE), e da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Paulo Safady Simão, almoçaram com os líderes do PSDB, do PMDB e do PFL. À mesa, o pedido de abertura de um novo programa de parcelamento de dívidas com a Secretaria da Receita do Brasil - a Super-Receita - e com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. A idéia do setor produtivo é incluir a medida em um dos projetos em tramitação no Senado. Os parlamentares são simpáticos à idéia, desde que não prejudique o equilíbrio das contas públicas.