Título: Jobim nega candidatura
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Fonte: Jornal do Brasil, 09/02/2006, País, p. A4

Presidente do STF diz que se dedicará à advocacia

BRASÍLIA - O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim, afirmou ontem que não participará das próximas eleições. Ele era apontado como possível candidato do PMDB à presidência da República, ou como vice do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Jobim garantiu que se dedicará à ''vida privada'' quando pedir a aposentadoria do STF - o que deve acontecer depois das prévias do PMDB, em 19 de março.

As declarações aconteceram durante uma audiência pública realizada pela comissão especial que analisa uma proposta de reforma constitucional . Ao deixar o plenário, Jobim disse que é ''candidato a advogado'', e que a decisão sobre sua filiação só será conhecida em março. No entanto, ao presidente do PMDB, Michel Temer (SP), o magistrado garantiu que desembarca na legenda até 1º de abril, data limite para a filiação de magistrados. Ainda que sustente a decisão de não disputar a presidência, Jobim poderá ser uma carta do partido para disputar o governo do Rio Grande do Sul ou mesmo para uma vaga na Câmara.

O ministro falou sobre seu destino político ao deputado Alceu Collares (PDT-RS), que lhe perguntou se seria ou não candidato a presidência.

- Estou indo para a vida privada. Não se preocupe, não estou indo para a disputa em Bagé - respondeu. Ele se referiu ao domicílio eleitoral de Collares, que em seguida soltou um ''estou aliviado''.

- Por que? Tinha medo que eu ganhasse? - replicou Jobim.

- Não, tinha medo de continuar a confusão - disse o deputado.

A ''confusão'' a que se refere Collares são as especulações da eventual candidatura à presidência e decisões proferidas no STF. A polêmica recente é sobre a liminar concedida por Jobim que suspendeu a quebra dos sigilos bancário, telefônico e fiscal do presidente do Sebrae, Paulo Okamotto. Amigo pessoal de Lula, ele teria emprestado dinheiro ao presidente antes de sua eleição.

O pedido de quebra foi feito pela CPI dos Bingos. A oposição reclamou, mas o ministro explicou que o pedido não seguia os preceitos exigidos pela Suprema Corte. Não havia, por exemplo, o período durante o qual os sigilos deveriam ser quebrados.

- Não há problema entre Judiciário e Legislativo. Existem eventuais pretensões de parlamentares rejeitadas no Supremo - amenizou Jobim.

Segundo ele, ''as críticas e as pressões fazem parte do jogo democrático''.