Título: Oposição recua e CPI investiga lista de Furnas
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Fonte: Jornal do Brasil, 09/02/2006, País, p. A4

Comissão ouvirá Dimas Toledo, suposto operador do caixa dois da estatal

BRASÍLIA - A oposição mudou de estratégia e resolveu convocar o ex-diretor de Furnas, Dimas Toledo, para depor na CPI dos Correios. A avaliação é que o desgaste do acordo com a base aliada para adiar o depoimento, na semana passada, acabou dando credibilidade a um suposto caixa dois gerenciado por Dimas nas eleições de 2002.

- Vamos decidir a data da convocação amanhã (hoje). O PSDB e o PFL querem trazer ele o mais rápido possível. Será na quarta-feira - disse o presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS).

Também pode ser aprovada a nova convocação do publicitário Duda Mendonça. Ele deve ser ouvido depois que a CPI tiver os dados de sua movimentação financeira no exterior.

O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), disse que, a partir de amanhã, seu partido e o PFL não votam nomeações para o Executivo, como diretores de agências reguladoras, enquanto o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) não se pronunciar sobre a veracidade do documento que gerou a denúncia.

No início da semana, Thomaz Bastos disse que o caso é investigado pela PF de forma ''mais impessoal possível, não condenando antecipadamente nem absolvendo''.

A lista de Furnas cita 156 políticos que teriam recebido dinheiro de caixa dois nas eleições de 2002. A PF tem uma cópia do documento, supostamente assinado por Dimas e investiga o caso.

Dimas afirma que o documento é falso. A expectativa é que ele repita a declaração na CPI, encerrando o assunto.

A cúpula da comissão considera a convocação de Toledo precedente perigoso, porque qualquer documento, sem autenticidade comprovada, poderia ser objeto de investigação. Parlamentares do PT também querem votar solicitação à PF para que envie à CPI o inquérito sobre o suposto caixa dois.

Também ontem, os empresários David Jesus Gil Fernandez e Marcos César de Cássio Lima entraram com habeas corpus com pedido de liminar no Supremo Tribunal Federal (STF) para prestar depoimento na CPI dos Correios como investigados e não testemunhas.

A liminar é, na prática, um pedido de salvo-conduto para que os sócios da Quality Corretora possam depor sem assinar o termo de compromisso com a verdade e sem o risco de prisão em flagrante durante a sessão.

A Quality faz parte de um rol de corretoras listadas pela sub-relatoria por seu envolvimento em operações do mercado financeiro que provocaram perdas nos fundos de pensão.

Os sócios faltaram ao depoimento, marcado para ontem. Seus advogados informaram que temiam ser obrigados a assinar o termo de compromisso da verdade e não terem o direito de silenciar em perguntas que podiam prejudicá-los.