Título: Maomé sim, Jesus não
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Fonte: Jornal do Brasil, 07/02/2006, Internacional, p. A7

O jornal dinamarquês Jyllands-Posten, primeiro a publicar as polêmicas charges do profeta Maomé, há três anos havia se negado a divulgar ilustrações satirizando Jesus Cristo, já que as considerava ofensivas para seus leitores. A revelação foi publicada ontem no site do diário britânico The Guardian.

Em abril de 2003, o cartunista dinamarquês Christoffer Zieler propôs uma série de ilustrações sobre a ressurreição de Cristo, mas o Jyllands-Posten preferiu não publicá-las. De acordo com o site do Guardian, Zieler recebeu uma mensagem eletrônica do editor do suplemento dominical, Jens Kaiser, rejeitando a colaboração.

''Não acredito que os leitores do Jyllands-Posten gostariam de suas ilustrações. De fato, creio que provocariam uma verdadeira polêmica e escândalo. Assim, preferimos não publicá-las'', explicou Kaiser ao cartunista.

O artista contou ao jornal norueguês Dagbladet que as charges ''eram uma brincadeira inocente, do tipo que meu avô católico não se importaria''.

Depois de ver a matéria, o editor do diário, Kaiser, criticou o Guardian, declarando que ''é ridículo que se traga esse caso a público agora''.

- Não tem nada a ver com as caricaturas de Maomé que o jornal publicou. Não se trata de valorizar mais uma religião do que outra - sustenta.

No entanto, Ahmed Akkari, porta-voz do Comitê Europeu para Honrar Maomé, declarou que o Jyllands-Posten ''utilizou duplos padrões''. E reiterou que ''deve desculpar-se''.

Depois de aparecer na imprensa da Dinamarca e da Noruega, na semana passada a charge em que Maomé usa um turbante-bomba foi reproduzida em outros jornais europeus. Só chegou à mídia americana no fim de semana, quando o Philadelphia Inquirer decidiu publicá-la, além de links onde internautas podem ver o resto dos desenhos.

- É o tipo de trabalho que temos que fazer - justificou a editora, Amanda Bennett.