Título: Esperança de emprego em Caraguatatuba
Autor: Sabrina Lorenzi
Fonte: Jornal do Brasil, 07/02/2006, Economia & Negócios, p. A17

O sol forte fez lotar as praias calmas da região Norte de Caraguatatuba neste fim de semana, onde famílias de turistas aproveitavam os últimos dias de férias antes da volta às aulas. Na área Sul da cidade litorânea, a cinco quilômetros do centro, policiais montavam uma blitz na avenida principal, fazendo lembrar o cotidiano de Capão Redondo, bairro violento da Zona Sul da capital paulista. Trata-se da área pobre de Caraguatatuba, onde vive a maior parte da população de 95 mil habitantes. Lá, nada faz lembrar o clima harmonioso das centenas de milhares de turistas que todo o verão ocupam as casas de veraneio e hotéis da parte nobre da cidade, a 186 quilômetros de São Paulo e porta de entrada para o Litoral Norte.

É exatamente nesse ponto crítico do município, marcado pelo desemprego e com casos de violência muitas vezes comparáveis aos ocorridos em bairros dos grandes centros urbanos, que a Petrobras prepara o terreno para instalar a sua mais importante base de gás natural do país, a unidade processadora do combustível do Campo de Mexilhão, na Bacia de Santos. Prevista para entrar em operação no fim de 2008, a nova unidade começará a ser construída ainda neste semestre.

Com a promessa de gerar 34 mil empregos diretos e indiretos, o empreendimento da Petrobras em Caraguatatuba abre uma janela de esperança para quem mora no município, altamente dependente do turismo e sem indústrias. O maior empregador é a prefeitura, com 2 mil postos de trabalho.

¿ A vinda da Petrobras representa uma luz no fim do túnel para os moradores da cidade e de todo o Litoral Norte ¿ afirma Juarez Pereira Pardim, presidente da Câmara Municipal.

A falta de emprego é a razão principal para os problemas sociais cada vez mais evidentes em todo o Litoral Norte, sobretudo nos períodos de baixo turismo, quando diminuem drasticamente as ofertas de empregos associados ao atendimento aos visitantes. Nessas ocasiões, o comércio local passa a funcionar às custas unicamente da demanda de sua população.

¿ Hoje, por depender apenas do turismo, o comércio sofre com os efeitos perversos da sazonalidade, que traz grande instabilidade para a economia da cidade e desânimo por parte dos empresários ¿ diz Paulo Bijos, presidente da Associação Comercial de Caraguatatuba. ¿ Com a chegada da Petrobras, teremos uma vida econômica mais equilibrada e saudável.