Título: PMDB paulista rejeita Garotinho
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 04/02/2006, País, p. A3

SÃO PAULO - Na frenética busca de apoios que tem caracterizado as campanhas dos pré-candidatos do PMDB à Presidência, as cartas ficaram embaralhadas. Um dos pretendentes, o ex-governador Anthony Garotinho elogiou publicamente o presidente regional do partido em São Paulo, Orestes Quércia, provável candidato ao Palácio Bandeirantes, esperando a reciprocidade que não veio. Ontem Quércia reiterou que prefere o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto. O ex-governador de São Paulo, diplomaticamente, não se esqueceu de agradecer a Garotinho pela propaganda feita em seu nome no estado.

- Não vou criticar isso, mas nunca apoiei o Garotinho e nunca houve intenção de apoiá-lo. O Rigotto é que tem condições de somar o partido. Se Garotinho vencer as prévias vamos respeitar, mas peço aos meus amigos, meus companheiros de São Paulo, o apoio ao nosso candidato do PMDB de São Paulo, que é o Rigotto.

Agradecido, Rigotto se apressou a devolver os elogios:

_-Quércia é importante porque tem história. Hoje é um nome que aparece nas pesquisas como preferência para ganhar o governo do estado de São Paulo. Posso não ter a unanimidade dos votos de São Paulo, mas não tenho dúvida que este ato significa uma posição que caminha para ser majoritária em todo o estado - disse Rigotto.

Sobre sua possível candidatura ao governo de São Paulo, Quércia desconversou. Disse que a candidatura presidencial está em primeiro lugar.

- Só depois vamos definir a candidatura ao governo de São Paulo.

Já o presidente nacional do PMDB, Michel Temer (SP), se manteve imparcial, afirmando que Rigotto e Garotinho estão unidos em torno das prévias.

- Se o primeiro colocado desistir até o mês de junho, que é o mês da convenção, o segundo colocado é o candidato à Presidência. Apenas estou regendo este processo. Os dois estão percorrendo o país, mobilizando todas as bases do PMDB, numa espécie de pré-campanha.

Temer reiterou que apóia a candidatura própria do PMDB:

- Apóio e quero a a unidade absoluta do partido em torno da idéia. Rigotto e Garotinho já acertaram que aquele que ganhar a prévia estará unido ao outro- afirmou

Temer disse esperar que os companheiros de partido que ocupam ministérios entreguem os cargos até o fim das prévias. São eles Saraiva Felipe (Saúde), Silas Rondeau (Minas e Energia) e Hélio Costa (Comunicações). Caso não o façam - diz Temer - correm o risco de receber moção de censura.

Dirigentes do PMDB descartaram ontem - durante ato em apoio à pré-candidatura do governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto para a Presidência da República - qualquer hipótese de coligação com o PT.

- O PMDB vai ter candidato próprio. É irreversível essa posição majoritária do partido - proclamou Rigotto.

O governador gaúcho prevê que a prévia vai mobilizar o partido ''como há muito tempo não se via''.

Nos bastidores, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva trabalha para que a ala governista inclua na cédula de votação da prévia outra opção: a de um peemedebista ser vice numa aliança PT-PMDB. Lula sabe que será difícil ter o PMDB oficialmente ao seu lado, mas pretende costurar alianças estaduais entre os dois partidos, garantindo alguns palanques.

-. O presidente Lula e até o PSDB podem ter essa vontade de ter o PMDB do seu lado. É natural, mas da vontade para a realidade há uma distância muito grande - comentou .

O governador do Rio Grande do Sul disse ainda que não vê a intenção do presidente como um problema. - É apenas uma vontade de Lula que não vai se concretizar - ironizou.