Título: Lula e Blair contra subsídios
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Fonte: Jornal do Brasil, 13/02/2006, Economia & Negócios, p. A20

Primeiro-ministro inglês e presidente pedem maior esforço pelo fim de barreiras

PRETÓRIA, ÁFRICA DO SUL - O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediram ontem, em reunião em Pretória, na África do Sul, um esforço extra nas conversações de comércio global. Para os líderes, que se reuniram para discutir o fim dos subsídios agrícolas, se não houver acordo os países pobres serão prejudicados.

- O que está claro é que a falta de acordo na rodada de comércio global será algo devastador para os países mais pobres do mundo - disse Blair ao fim da Cúpula de Governança Progressista, que reuniu sete líderes mundiais na África do Sul.

Blair teria demonstrado ainda interesse na convocação de uma reunião dos líderes dos países que integram o G-8 (grupo dos países mais industrializados do mundo mais a Rússia) e o G-20 (grupos dos países em desenvolvimento) para destravar as discussões da chamada Rodada de Doha, que trata desse assunto na Organização Mundial do Comércio (OMC).

O presidente Lula reiterou que o Brasil está disposto a fazer concessões para que se chegue a um acordo, mas que o mundo desenvolvido também tem que ceder.

Para Lula, a falta de acordo na chamada Rodada de Doha teria grave impacto ''no sistema multilateral de se fazer as coisas e prejudicaria a reforma de instituições como as Nações Unidas''.

Blair disse que ''2006 é o ano em que o mundo decide se será ambicioso no comércio global, o que tem implicações para ações contra a pobreza mundial''.

O fim dos subsídios agrícolas também foi a tônica do encontro do G-8, que se reuniu até sábado, na Rússia. Os países pediram, segundo o documento oficial, maior esforço na redução dessas barreiras, a fim de ''não penalizar os pobres''.

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, participou de um encontro paralelo, também na Rússia, que reuniu autoridades de países emergentes - China, Índia e África do Sul, além do Brasil. Enquanto o G-8 alertava para o risco da escalada dos preços de energia para a economia global, Palocci deu entrevista à imprensa internacional ressaltando a expectativa de que o Brasil ganhe mais importância no cenário mundial com a tecnologia de produção de álcool.