Título: O tema é a roubalheira
Autor: Marcelo Medeiros
Fonte: Jornal do Brasil, 13/02/2006, Opinião, p. A11

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso deu o tom da campanha do PSDB para a eleição presidencial: a corrupção no governo do PT do presidente Lula.

Alertou os eleitores que o país não pode mais dar espaço para ladrões e que Lula deve passar toda a campanha explicando a corrupção que ''chegou lá em cima''.

Os dois pré-candidatos tucanos adotaram a palavra de ordem e repicaram: - Acabou a bravata, acabou tirar coelho da cartola. A eleição do PT desmistificou muita coisa - afirmou o governador de São Paulo Geraldo Alckmin.

''Para quem sempre se propôs, como Lula, fazer o governo mais honesto da história, sem dúvida nenhuma, a corrupção dominará o debate durante a campanha eleitoral'', acompanhou o prefeito José Serra, em primeiro lugar nas pesquisas.

Eles têm razão. A corrupção é vista como um grande mal pela maioria dos brasileiros. O eleitorado não reelege os candidatos acusados de corrupção. O ex-presidente Fernando Collor é o exemplo mais importante e o mais próximo.

Apesar de ter sido absolvido no Supremo Tribunal Federal da acusação de corrupção passiva, nunca mais se elegeu para quaisquer dos cargos que disputou. E nem o seu filho.

A mobilização de entidades representativas da sociedade civil, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e a União Nacional do Estudantes (UNE), que formaram o Movimento Cívico contra a Impunidade e pela Ética na Política foi acompanhada atentamente pela opinião pública, e teve influência decisiva a favor da votação do impeachment do ex-presidente Collor.

É essa mesma participação da sociedade civil, que se espera agora, após a apresentação dos relatórios das CPIs dos Correios e dos Bingos.

Para criar um clima emocional, necessário ao retorno da indignação cívica, e impulsionar a opinião pública a não permitir que fiquem impunes, os responsáveis por dezenas de bilhões de reais, desviados dos cofres públicos, para o financiamento de campanhas eleitorais e o enriquecimento dos protegidos do governo do PT.

Caso contrário, todo o trabalho dos deputados, senadores, dos tribunais de contas, do ministério público, da polícia federal e da imprensa, se transformará em pizza.

''O governo Lula decepcionou, não foi capaz de mudar o país como prometeu'', afirmou o próprio assessor especial da Secretaria de Comunicação de Governo, Bernardo Kucinski, de acordo com a opinião do povo brasileiro.

Também o assessor especial da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, avaliou para um instituto de pesquisa com sede na Holanda, segundo o jornalista Fábio Victor, da Folha de S.Paulo, em Londres: ''que o PT perdeu o caráter e a credibilidade, porque se distanciou dos movimentos sociais; que o partido tem uma liderança de m....'', e julga que só a pressão social pode fazer baixar a taxa de juros e diminuir o aperto fiscal.

Ouvidos nas últimas semanas, importantes empresários dos setores bancário, industrial e agrário demonstraram consenso de que os escândalos de corrupção e o mau desempenho administrativo do governo dificultam o apoio a Lula.

Queira Deus que o eleitorado em 2006 pense antes de votar e desinfete o país dos políticos ladrões e corruptos, seja de que partido forem. Ansiamos mais do que esperamos.