Título: PT insiste na cabeça de chapa
Autor: Eruza Rodrigues
Fonte: Jornal do Brasil, 11/02/2006, Brasília, p. D3

A disputa entre os partidos de esquerda para ocupar o cargo de governador na eleições deste ano promete se intensificar nos próximos dias. Enquanto legendas de oposição estão buscando uma união, o Diretório Regional do Partido dos Trabalhadores confirmou, na noite de quinta-feira, a decisão de lançar candidatura própria ao governo do Distrito Federal. A posição não agrada os partidos aliados, entre eles PDT, PPS e PSol, e dificulta a criação de uma frente para concorrer contra o grupo rorizista. Mas o PT resiste.

- Com 26 anos de história, o PT é o maior partido do DF. Isso justificaria a resolução. Todo mundo vem para o diálogo com um nome definido, só quem não tem é o nosso partido - defendeu Chico Vigilante, presidente Regional do PT.

Apesar de afinado internamente, o discurso petista destoa nas conversas com os outros partidos de esquerda e centro-esquerda. Interessado em fazer uma coligação que crie maiores chances de vitória, o PT não pensa em fazer concessões quanto à cabeça de chapa majoritária. Só aceita negociar, dentro da composição, as vagas de vice-governador e do Senado. O deputado federal Jorge Pinheiro, do PL, foi consultado para uma possível aliança.

- Não existe o termo imposição e as conversas estão em estágio avançado. A decisão do PT pode tornar o processo mais lento e delicado. Mas na hora de colocar as cartas na mesa, inclusive a reeleição do presidente Lula, os petistas vão olhar tudo com outros olhos - afirmou Apolinário Rebelo, presidente do PCdoB e defensor da candidatura do ministro dos Esportes, Agnelo Queiroz.

Queixas - O presidente do PDT-DF, Cristovam Buarque, também lamenta o fato de o PT não abrir mão de candidatura própria. Segundo o senador, os petistas chegam às reuniões exigindo o mais alto posto da chapa. A imposição estaria impedindo a adesão de outras legendas a determinado nome. Ainda assim, Cristovam não exclui a possibilidade de que o candidato da esquerda seja do PT, desde que o consenso seja construído.

- O nome tem de ser negociado. Cada partido deverá colocar suas sugestões à mesa e mostrar quem tem mais viabilidade eleitoral - avaliou Cristovam Buarque.

Mudanças - Na reunião do Diretório Regional do PT, quem saiu ganhando foram os seis pré-candidatos petistas - Arlete Sampaio, Chico Leite, Chico Floresta, Dorgil Marinho, Cláudio Santana e Geraldo Magela. Ganharam tempo. A data para o encerramento das inscrições nas prévias para governador foi prorrogada por mais uma semana e termina no 17 de fevereiro.

As prévias que definiram o nome também mudaram para 26 de março. Se houver segundo turno, a votação dos filiados ficará para 2 de abril. Chico Vigilante ressaltou, no entanto, que não houve alteração para os cargos de deputados distritais ou federais. A ficha poderá ser preenchida a partir de hoje. O prazo final se encerra no dia 3 de março.

Paralelamente ao processo de inscrição dos nomes, a ordem é começar a formular o programa de governo nas cidades e cacifar a militância para a campanha eleitoral.

- Os presidentes das zonais já tem uma tarefa: chamar os militantes para uma conversa. O principal ponto é instruir todo mudo a fazer a defesa do governo Lula e do partido, além da preparação para o enfrentamento político, em mais uma eleição difícil - enfatizou Vigilante.