Título: Ibama libera usina de lixo de Ceilândia
Autor: Patrícia Alencar
Fonte: Jornal do Brasil, 11/02/2006, Brasília, p. D5

A usina de lixo de Ceilândia não corre mais o risco de ser fechada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Ontem, o órgão realizou uma vistoria para identificar se as irregularidades no tratamento e armazenagem do lixo, apontadas na inspeção do dia 30 de janeiro, estavam sendo sanadas. A Qualix Serviços Ambientais - empresa terceirizada que cuida da coleta e do armazenagem do lixo do Distrito Federal - vem cumprindo a maioria das exigências feitas pelo Ibama. A multa aplicada na época, no valor de R$ 20 mil por dia, também foi suspensa. A fiscalização começou pela Usina de Compostagem, local onde é depositado o lixo doméstico depois de ser triturado. A área está embargada desde outubro do ano passado. Segundo o analista ambiental do Ibama, Marcelo Macedo, responsável pela vistoria, as atividades estão suspensas no local por oferecer risco de poluição ao meio ambiente. Ele explica que algumas atividades na usina ainda são desenvolvidas de forma emergencial.

- Verificamos se essas atividades apresentam algum tipo de risco e se elas caracterizam o descumprimento do embargo. A Qualix está fazendo apenas a etapa final do processo, que é o acumulo do adubo, destinado para agricultura. O lixo que chega já vem moído da usina da Asa Sul. A princípio esse serviço não descaracteriza descumprimento do embargo - ressalta Marcelo Macedo.

O analista ambiental afirma que novas medidas foram exigidas para que a empresa possa continuar operando com segurança:

- As canaletas por onde passa o chorume - líquido que sai do lixo - encontram-se abertas. Solicitamos que sejam tampadas o mais rápido possível, com placas de concreto. A Qualix terá ainda de providenciar um projeto para melhoria no sistema de coleta nos pátios. Pedimos também um plano de contenção de insetos e roedores, vetores que podem transmitir contaminação.

Hospitalar - Marcelo Macedo afirma que o maior problema continua na usina de incineração do lixo hospitalar. O forno, que parou de funcionar em setembro do ano passado, também foi embargado na época. A máquina voltou a operar mediante condicionantes exigidas pelo Ibama. No final de janeiro, o maquinário ficou uma semana sem operar,por apresentar defeito.

- Solicitamos que fosse realizado e apresentado até o final de janeiro um plano de teste de queima do incinerador. Isso não ocorreu. Eles alegam que já contrataram uma empresa - Pericial Engenharia - para realizar o serviço. O laudo sobre essa fumaça emitida só ficará pronto em 40 dias. Eles também não apresentaram o resultado de uma perícia técnica para avaliação das condições de operação do forno - afirma Macedo.

O analista explica esse estudo servirá para identificar qual a capacidade de queima do forno e os riscos iminentes de danos:

- Precisamos controlar se o forno está incinerando de forma adequada e se o rejeito liberado está descontaminado. A Qualix terá que providenciar mais contêineres para o armazenamento do lixo quando o forno estiver em manutenção. Hoje só existem três na usina, que recebe diariamente 30 toneladas de lixo por dia, o que não comporta a demanda.

O Ibama afirma que continuará monitorando os trabalhos na usina.

Belacap - O diretor de Operações do Serviço de Ajardinamento e Limpeza Urbana (Belacap), Expedito Apolinário, explica que a Qualix já começou a fazer os testes de queima do lixo, para análise dos gases que são emitidos. A empresa também já providenciou, no dia 8 deste mês, o novo cronograma de queima das 400 toneladas de lixo hospitalar acumulados em valas na usina. A previsão, segundo do Ibama, é que o lixo seja queimado até o dia 13 de março, não podendo ser prorrogado.

O porta-voz do governo do Distrito Federal, Paulo Fona, afirma que todas as providências para a regularização do serviço de lixo na cidade serão tomadas dentro do prazo estipulado.