Título: Ministro iria à CPI ''com alegria''
Autor: Daniel Pereira e Hugo Marques
Fonte: Jornal do Brasil, 11/02/2006, País, p. A3

SÃO FÉLIX DO XINGU, PARÁ - O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, disse ontem que não teria nenhum problema em comparecer à CPI dos Correios para falar sobre a chamada ''lista de Furnas'', que mostra aliados do então presidente Fernando Henrique Cardoso como supostos beneficiários de um esquema de caixa dois na estatal em 2002.

- Compareceria à CPI com alegria. Agora, não tenho como dizer se a lista é falsa nem se é verdadeira - antecipou-se.

A afirmação foi uma resposta a setores da oposição que insinuam que a PF estaria sendo usada para desmoralizar partidos como o PSDB e o PFL, adversários de Lula. Por isso, desejam a convocação do ministro para depor na CPI.

- O que eu não posso é atropelar as investigações da PF. Não se podem queimar estágios como algumas pessoas estão querendo - acrescentou Bastos.

Para ele, as CPIs devem produzir relatórios que sirvam para avançar nas investigações tanto da PF, quanto do Ministério Público Federal. As declarações foram dadas durante a realização de uma operação da Polícia Federal, no Pará, com o objetivo de destruir pistas clandestinas de pouso.

Márcio Thomaz Bastos, disse ainda que a oposição não conseguiu ''colar'' o mensalão na imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que a CPI dos Bingos não conseguiu associar a imagem do ministro da Fazenda, Antônio Palocci, ao suposto esquema de corrupção em São Paulo. O ministro afirmou que Lula será forte candidato à reeleição.

- O presidente aparece cada vez mais na condição de um candidato competitivo. Acho que dá para fazer uma boa campanha - disse Bastos.

O ministro, no entanto, afirmou que o atual prefeito de São Paulo, José Serra, e o governador Geraldo Alckmin - ambos disputando a candidatura à Presidência pelo PSDB - são dois homens ''com virtudes'', mas deixou claro que o páreo será duro, seja qual for o quadro eleitoral.

A estratégia para a reeleição de Lula, segundo Bastos, deve ter como base as realizações em várias áreas. Para o ministro, Lula tem como apresentar realizações nos campos da criação de empregos, distribuição de renda, aumento das exportações e outras. Quem tem salário mais ''escasso'', diz o ministro, sente hoje o efeito da baixa inflação. Para ele, Lula pode levar vantagem se os números forem comparados durante a eleição.

- O governo Lula está fazendo o que um governo de esquerda deve fazer, que é distribuir renda.

Bastos acha que o governo colaborou muito para fortalecer as instituições públicas como, por exemplo, a Polícia Federal. Segundo o ministro, esse comportamento também também fortalece a ética no país.