Título: TV digital em alta velocidade
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Fonte: Jornal do Brasil, 11/02/2006, Economia & Negócios, p. A18

Recentemente adiada em 30 dias, a decisão sobre o padrão tecnológico a ser adotado pela TV digital no Brasil não deve demorar. Este foi o teor das declarações feitas pela chefe da Casa Civil, ministra Dilma Rousseff, em reunião no Palácio do Planalto ontem. O encontro reuniu ainda o ministro das Comunicações, Hélio Costa, e representantes do setor. O governo federal ainda não decidiu se fica com o padrão japonês, o europeu ou o americano.

Além disso, de acordo com os executivos presentes ao encontro, a decisão vai levar em consideração questões estratégicas do ponto de vista político, social e geopolítico, e não só técnico.

Segundo o diretor da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Benjamin Sicsú, que é vice-presidente da Samsung na América Latina, a ministra deixou claro que ''o governo não está afim de demorar muito nessa decisão''.

Ele informou que algumas empresas perguntaram se poderiam fazer testes para a TV digital, e obtiveram resposta positiva, desde que fossem rápidos.

O governo também deverá fazer a escolha de um padrão tecnológico pensando não só no Brasil, mas também nos vizinhos, principalmente na Argentina.

- Ela falou que o governo quer muito fazer uma decisão junto com a Argentina - disse Sicsú após participar da reunião. O Mercosul é hoje o principal mercado de exportação de televisores brasileiros.

Segundo o representante da Abinee, as informações técnicas já estão maduras, já que não serão alteradas significativamente nos próximos meses.

- Nisso não existe muito mais novidade. Então, aspectos de custos, de dependência tecnológica, de royalties, isso está no debate um pouco desmistificado. O nível técnico está maduro - disse Sicsú, que apontou em contraponto, as discussões sobre o modelo de negócios, que envolve principalmente radiodifusores e operadoras de telecomunicações.

Na próxima quarta-feira, a Fundação Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD) deverá publicar uma síntese do relatório sobre a TV digital em seu site.

Após a divulgação das conclusões dos pesquisadores, a ministra pretende reunir de uma só vez representantes da indústria e dos consórcios responsáveis pela pesquisa para um debate.

Mas a indústria brasileira quer algumas garantias na entrada do país na era da TV digital, como investimentos na produção de componentes eletrônicos para a fabricação de monitores em cristal líquido.

- Nós temos que nos esforçar para que parte do que vai ser dado, do que vai ser negociado vá para a indústria de componentes aqui - disse Sicsú.