Título: Morales denuncia complô
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 08/02/2006, Internacional, p. A15

O presidente da Bolívia, Evo Morales, denunciou ontem que empresas multinacionais iniciaram um processo de desestabilização de seu governo e pediu o apoio das organizações sociais para defendê-lo.

- Tivemos reuniões com a alta cúpula deram informações de como estão preparando a conspiração - afirmou Morales na Federação Departamental de Camponeses de La Paz, Túpac Katari.

O presidente não especificou, no entanto, quais setores ou multinacionais estão comprometidas com o ''complô''.

- Para nacionalizar os hidrocarbonetos teremos que estar organizados. Vamos convocar todos os setores - incitou o líder.

A denúncia foi respaldada pelo vice-presidente, Álvaro García Linera:

- A unidade dos camponeses será importante porque os membros da oligarquia querem prejudicar o governo do irmão Evo Morales. Por isso, será necessário atuar em defesa.

Linera chamou a uma mobilização ''contra os que querem nos prejudicar, porque vão pressionar as petroleiras, os gringos''.

- Essa unidade será não só para proteger o presidente, mas os programas que o governo prepara. Temos que nos unir para defender. E poderemos governar 500 anos - disse.

Depois do discurso às lideranças camponesas, Morales enviou ao Parlamento um projeto de lei para a instalação de uma Assembléia Constituinte, a partir de 6 de agosto.

- O povo boliviano, o movimento popular, especialmente o movimento indígena original, que não participou da fundação da Bolívia no ano de 1825, quer agora refundar o país - justificou.

A proposta central de Morales consiste na eleição de um total de 210 constituintes, ou seja, três por cada circunscrição eleitoral, através do voto de todos os cidadãos habilitados a participar do pleito.

A convocação da Constituinte é, junto com a nacionalização do gás natural, a mais importante demanda dos bolivianos para o governo do Movimento ao Socialismo.