Título: Dinamarca ameaça retaliar boicote do Irã
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Fonte: Jornal do Brasil, 08/02/2006, Internacional, p. A16

O primeiro-ministro da Dinamarca, Anders Fogh Rasmussen, advertiu que os violentos protestos muçulmanos contra as caricaturas do profeta Maomé são uma crise mundial que pode escapar ao controle. Governos de outros países da União Européia e os Estados Unidos manifestaram apoio à Dinamarca, mas a confusão continua. Ontem, soldados noruegueses a serviço da ONU foram atacados no Afeganistão, porque um jornal da Noruega reproduziu as caricaturas. Para Rasmussen, isso mostra que ''não se trata de uma questão entre o mundo muçulmano e a Dinamarca sozinha''.

Depois que a embaixada do país em Teerã foi atacada pela segunda vez, o chanceler exigiu que o Irã proteja os diplomatas escandinavos. Rasmussen disse ainda que, se a República Islâmica cumprir o boicote contra produtos dinamarqueses, vai bloquear a adesão à Organização Mundial do Comércio.

A Fundação Holocausto da Rússia reagiu com indignação à convocação no Irã de um concurso internacional de caricaturas sobre a aniquilação de 6 milhões de judeus, ciganos e homossexuais na II Guerra pelos exércitos nazistas.

- Esta é uma ação coordenada para espalhar o ódio contra Israel e o Ocidente nos países muçulmanos - criticou Ala Guerber, presidente da fundação, criada em 1995, pedindo à comunidade internacional que ajude a conter a campanha anti-semita do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. O líder iraniano disse duvidar da veracidade do Holocausto.

- É um sintoma perigoso, uma abominável provocação política. Se não pararmos agora, a cadeia de fatos dos últimos dias pode desembocar em um choque entre civilizações e em uma situação de pré-guerra - disse Guerber.

O concurso de charges foi convocado pelo jornal Hamshahri , de Teerã, sob o título ''Onde está o limite da liberdade do Ocidente?''. O objetivo é o de contrapor a publicação das charges de Maomé na imprensa dinamarquesa.