Título: Indústria desacelera em 2005
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Fonte: Jornal do Brasil, 08/02/2006, Economia & Negócios, p. A20
A produção industrial brasileira acumulou alta de 3,1% em 2005. A expansão da indústria, no entanto, ficou abaixo da verificada em 2004, quando o setor registrou a maior taxa de crescimento em 18 anos, de 8,3%. Em dezembro, a produção industrial avançou 2,3% na comparação com novembro e de 3,2% em relação a dezembro de 2004. Os dados constam de pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo Fábio Giambiagi, economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão ligado ao Ministério do Planejamento, é razoável esperar a continuidade do resultado favorável de dezembro nos próximos meses. Para ele, há um ''sentimento generalizado'' de que a crise política ficou para trás e que o ajuste de estoques que afetou os resultados da economia no terceiro trimestre foi concluído.
No terceiro trimestre, a indústria foi afetada por um descompasso entre produção e demanda. O excesso de estoques levou a uma desaceleração maior do que o esperado no período julho-setembro. Essa defasagem contribuiu para o recuo de 1,2% da economia brasileira no terceiro trimestre. A recuperação só ocorreu nos últimos três meses do ano, com alta de 0,4% em outubro e de 1,3% em novembro. Com a desaceleração do terceiro trimestre, ao longo do ano os indicadores de longo prazo, como a taxa acumulada em 12 meses foram perdendo fôlego gradativamente.
De janeiro a dezembro, o crescimento da indústria foi verificado em 17 das 27 atividades, com destaque para veículos automotores (6,8%), indústria extrativa (10,2%), edição e impressão (11,6%) e material eletrônico e equipamentos de comunicações (14,2%).
Entre as atividades em queda, as que exerceram a maior pressão negativa sobre os resultados foram metalurgia básica (-2%), outros produtos químicos (-1,3%) e máquinas e equipamentos (-1,3%).
Das quatro categorias de uso, a maior expansão ficou com bens de consumo duráveis (automóveis e eletrodomésticos), de 13,1%, devido ao crescimento na produção de automóveis, telefones celulares (43,9%) e televisores (23,1%).
Segundo o IBGE, o aumento na oferta de crédito e a maior estabilidade no mercado de trabalho alavancaram as vendas domésticas. No caso dos automóveis, além do aumento de 21,9% nas unidades exportadas, o lançamento de veículos bicombustíveis também impulsionou as vendas internas.
Já os bens de consumo semiduráveis e não-duráveis (roupas e alimentos) tiveram expansão de 4,7%. Desde 1999, esse segmento não superava a média da indústria.
De acordo com o IBGE, a expansão está relacionada à trajetória da massa salarial - a renda registrou a primeira alta após sete anos em queda - e ao declínio de preços dos alimentos.
O segmento de bens de capital (máquinas e equipamentos) cresceu 3,6%, com destaque para máquinas para construção (32,1%) e máquinas para energia elétrica (28,5%).
Já o setor de bens intermediários (insumos industriais) foi a única categoria com crescimento abaixo da média da indústria, com alta de 1% em 2005. Os principais impactos negativos vieram de combustíveis e lubrificantes elaborados (-1,6%) e insumos industriais elaborados (-0,3%).
Folhapress