Título: Projeto prolifera riscos
Autor: Clara Cavour
Fonte: Jornal do Brasil, 12/02/2006, Internacional, p. A14

A ONG Union of Concerned Scientists (União de Cientistas preocupados) de Washington, alerta que, hoje, há mais de 500 toneladas métricas de plutônio em depósitos de combustível usado nos EUA, o suficiente para produzir cerca de 40 mil armas nucleares. A reciclagem da energia produzida por reatores americanos somente em um ano resulta, de acordo com a organização, em 20 toneladas métricas da substância, ou três mil armas.

- Não há dúvidas de que essa proposta poderia aumentar o risco de o plutônio cair na mão de terroristas - diz o físico Edwin Lyman, da organização de cientistas.

Para Henry Sokolsky, diretor do Centro de Educação para a Política de Não proliferação, de Washington, a Global Nuclear Energy Partnership (GNEP, a sigla em inglês para a parceria global de energia nuclear) ''legitima uma tecnologia perigosa'':

- A ''parceria'' é vendida como iniciativa política de não-proliferação, mas há o risco de que só faça com que essa tecnologia seja ainda mais difundida - afirmou ao JB.

Se os riscos do projeto são alarmantes, as estimativas de custo também assustam:

- A construção da capacidade de reprocessamento em escala comercial está avaliada em algo entre US$ 10 bilhões e US$ 20 bilhões.

Além disso, ressalta o pesquisador, partindo do princípio de que novas plantas nucleares serão construídas nos próximos anos, os EUA vão precisar de cerca de nove Yucca Mountain até o final do século.

Apesar da ineficácia evidente, Washington e Moscou garantem que o projeto terá o apoio da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Levando em conta que ambos os países têm grande peso no Conselho de Governadores do órgão, pode ser que as estimativas alarmantes se transformem em ameaças reais.