Título: Segurança federal para o Rio
Autor: Hugo Marques
Fonte: Jornal do Brasil, 12/02/2006, País, p. A3

BRASÍLIA - Com o desembarque no Rio de 10 mil homens da Força Nacional, destacados para reforçar o sistema de segurança dos Jogos Pan-Americanos de 2007, o combate à violência no estado será redesenhado. O contingente continuará no Rio de Janeiro depois de encerradas as competições e deverá ser usado em casos de emergência. O valor total do investimento federal em segurança no estado vai chegar a R$ 440 milhões. Treinada o ano passado em Anápolis, no interior goiano, no Rio e no Espírito Santo, a tropa ficará como efetivo integrado a outras forças policiais. Isso, mesmo que as autoridades locais se mostrem reticentes em relação às ações e à a estrutura montada.

Com o megaesquema montado, o Exército não deverá ser mobilizado para o Pan. Só em projetos específicos e na área social, o investimento perfaz R$ 305 milhões até dezembro. Esta será a maior estrutura de segurança já montada no estado, e os novos equipamentos, em sua grande maioria, serão herdados pela capital. O secretário Nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa, diz que pelo menos 80% de todos os investimentos irão para projetos destinados a aumentar a estrutura de segurança pública do Rio, incluindo obras e equipamentos.

¿ O Rio será o novo modelo de segurança para o País ¿ afirma o secretário. Um das grandes complexos que a cidade vai ganhar este ano é a uma central de comando e controle. Vai funcionar na Central do Brasil, prédio onde fica a Secretaria de Segurança do Rio, com equipamentos modernos, que interligarão todas as polícias. A unidade de inteligência no local estará ligada 24 horas à Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Ainda conforme Luiz Fernando Corrêa, a cidade ganhará também um novo sistema de comunicação na área de segurança pública, que reestrutura todas as telecomunicações no Estado. O sistema vai integrar o trabalho das polícias Militar, Civil, Federal e do Corpo de Bombeiros. O investimento inclui a instalação de antenas modernas em vários pontos do Rio, sistemas de rádio-comunicação e outros equipamentos que serão licitados.

¿ É um redesenho da estrutura de comunicação ¿ diz Corrêa. ¿ Vamos investir pesado em segurança eletrônica no Rio. A idéia é triplicar o número de câmeras, que vão monitorar praticamente toda a cidade.

O projeto prevê a captação de imagens em vários pontos das favelas. Pelas informações recebidas pelo governo federal, existiriam no Rio hoje 200 câmeras em pontos estratégicos. O número vai ultrapassar 600 câmeras.

O Rio ganhará ¿ ainda de acordo com o projeto ¿ centenas de novas viaturas. O número não foi fechado. Vai depender dos estudos que estão sendo finalizados pelas equipes que cuidarão da segurança do Pan. O governo está comprando 85 caminhões para bombeiros, e essas equipes da área de segurança definirão o número de viaturas para o Rio. Em março, o governo realiza a segunda reunião do gabinete de gestão integrada do Pan, para fechar os números.

Uma pequena frota de aviões, incluindo helicópteros, será comprada para o patrulhamento da cidade. Uma parcela dessa frota poderá migrar para outras cidades depois de encerrados os jogos. O governo federal criou um ¿conselho aéreo¿ para definir as necessidades do Rio durante e após o Pan.

Antes de instalar estes novos sistemas, o governo está buscando informações sobre a segurança de grandes eventos esportivos já realizados nos Estados Unidos, Grécia, Espanha, Austrália e até na Alemanha, que se prepara para a Copa do Mundo. O governo também vai investir na reforma e melhora de academias e batalhões, além de implantar definitivamente o sistema de geo-referencimento para acompanhamento das áreas com maior índice de violência no Rio. Já começaram a ser treinados 60 cães para identificar explosivos e drogas durante a realização do Pan.

Todo o aparato montado mostra as dimensões da ação que o governo federal pretende empreender e contrasta com o tímido desembarque anterior da Força Nacional na cidade, em maio do ano passado, quando um contingente de 200 homens veio ajudar as forças policiais locais a combater a criminalidade em algumas favelas.

A Força Nacional foi criada pelo Decreto nº 5.289, de 29 de novembro de 2004 com a finalidade de preservação da ordem pública em qualquer parte do território nacional e prevê a adesão dos estados interessados. Compete ao ministro da Justiça determinar as condições em que a força deverá ser empregada.