Título: Alckmin faz campanha ''para chuchu'' no Rio
Autor: Juliana Rocha e Paula Barcellos
Fonte: Jornal do Brasil, 12/02/2006, País, p. A4

Mesmo sem o gingado típico do carioca, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, tentou atrair a simpatia do eleitorado fluminense, ontem, em visita ao estado do Rio. O paulista pré-candidato à Presidência pelo PSDB negou que estivesse em campanha, mas partiu para o corpo-a-corpo em Campos, onde foi apoiar a candidatura do tucano Paulo Feijó à prefeitura. O município é a cidade natal e reduto eleitoral do ex-governador Anthony Garotinho, pré-candidato pelo PMDB. O peemedebista, por sua vez, desde quinta-feira circula por São Paulo, reduto de Alckmin. Só deve voltar hoje ao Rio.

Questionado se não se incomodava de ser chamado de ''picolé de chuchu'' - referência à suposta falta de carisma -, Alckmin brincou:

- Levo na esportiva. No meu governo, o Brasil vai crescer ''para chuchu'' e terá trabalho ''para chuchu''.

O governador negou que a visita ao Rio esteja ligada à campanha, mas o trajeto percorrido em Campos não foi diferente do realizado inúmeras vezes por Garotinho e outros presidenciáveis em período eleitoral: tomou café em ponto tradicional, provou chuvisco (doce típico da cidade), apertou mãos, recebeu abraços e foi chamado de presidente.

Alckmin demonstrou que está disposto a conquistar não só o eleitorado, mas principalmente os correligionários do PSDB fluminense, que tendem a apoiar o prefeito de São Paulo José Serra como candidato à Presidência. À tarde, desembarcou na populosa Zona Oeste da capital para participar da tarde de autógrafos do livro do presidente de honra do partido no Rio, Marcello Alencar. O governador vestiu a camisa da ''Banfiel'' - torcida organizada do Bangu Futebol Clube - e adiantou que vai prestigiar o carnaval no Sambódromo.

Mesmo com tucanos que preferem a candidatura de Serra presentes, Alckmin recebeu apoio de Alencar, ex-governador do Rio.

- Alckmin é figura rara de político que desejamos ver no comando do país - disse Alencar, lembrando que o atual governador foi vice do ''saudoso'' Mário Covas.

O presidente regional do PSDB, Luiz Paulo Corrêa da Rocha, e o secretário-geral do partido, deputado Eduardo Paes, lembraram, porém, que a escolha do candidato à Presidência ainda não foi feita:

- O PSDB oferta os melhores quadros. Enquanto o partido que está no governo é um samba de uma nota só, temos opções. Uma delas é Alckmin - provocou Luiz Paulo.

O governador criticou a demora de Lula em anunciar a candidatura à reeleição.

- É natural que Lula seja o candidato PT. Aliás, ele não faz outra coisa a não ser fazer campanha - disse.

Quando se referiu à candidatura tucana, Alckmin recuou. Disse que é natural o prefeito José Serra não assumir a disputa à Presidência. Ironicamente, afirmou:

- Eu sou eu e a minha circunstância - repetindo a frase do filósofo espanhol Ortega Y Gasset (1883-1955).

A visita incluiu palestra, em Macaé, para empresários, acompanhado do ex-prefeito Sylvio Lopes, pré-candidato ao governo do Rio.