Título: No Rio, partido abriga aliados de Garotinho
Autor: Josie Jeronimo
Fonte: Jornal do Brasil, 12/02/2006, País, p. A4

O PMN é uma legenda pequena. O partido tem como lema a defesa dos valores nacionais, prega a ''grandeza e soberania da nação''. Apesar de não ser tão jovem - foi fundado por Oscar Noronha Filho e Celso Brant no início da redemocratização e registrado no Tribunal Superior Eleitoral em 1990 - o partido tem pouca expressão nacional. Não tem nenhum deputado na Câmara, mas tem diretórios em todos os 27 estados do país. Já abrigou figuras históricas como o ex-senador Aarão Steinbruck.

A fragilidade eleitoral expõe o partido a interesses de políticos que prescindem do nome forte de uma legenda para se eleger. No Rio, um ano antes do período limite para filiações, uma revoada de peemedebistas migrou para o PMN. Entre eles, aliados fiéis do pré-candidato Anthony Garotinho. Até agora, somente o secretário de estado e Família e Assistência Social, Fernando Willian definiu-se pelo Congresso. Suplente de deputado federal, William foi recebido com honras pelo partido por representar a maior esperança da sigla em alcançar boa votação para o Congresso.

A idéia de Garotinho de fazer uma bancada paralela a do PMDB na Câmara e na Assembléia Legislativa do Rio (Alerj) é garantir uma ampla frente de apoio. Fernando Willian não nega que a transferência não obedeceu a critérios ideológicos.

- Fatores de ordem política local influenciaram minha ida para o PMN. Esses partidos menores solicitaram ao Garotinho que disponibilizassem quadros para que as legendas conseguissem um bom número de representantes - afirmou.

Além de Willian, do governo de Rosinha Matheus também engrossaram os quadros do PMN o secretário de Agricultura, Christino Áureo.

O presidente do PMN, Oscar Noronha, narra um episódio que ilustra o escândalo do assédio aos partidos pequenos. Segundo Noronha, um dia caminhando pelo anexo 4 da Câmara viu um cartaz na porta com os dizeres: sala da liderança do PMN. O partido foi ''presenteado'' com um gabinete totalmente equipado na Câmara. Noronha diz-se espantado com o episódio, porque ele como presidente não sabia de nada. Para ele o caso foi um indício de golpe. Aconteceu no período em que o deputado João Paulo Cunha (PT-SP), um dos acusados de envolvimento com o mensalão, era presidente da Câmara.

Atualmente, na Alerj, dois deputados exercem mandato pelo PMN: Alessandro Calazans e Geraldo Moreira. Calazans foi expulso do PV e escapou da cassação graças ao corporativismo dos colegas. Ele foi acusado de cobrar propina quando era presidente da CPI da Loterj. Moreira é fiel aliado de Garotinho. Assumiu a presidência da comissão de Diretos Humanos da Alerj no lugar do petista Alessandro Molon.