Título: BNDES reduz taxas em 30%
Autor: Sabrina Lorenzi
Fonte: Jornal do Brasil, 15/02/2006, Economia & Negócios, p. A19

Furlan vem de Brasília para acompanhar Mantega no anúncio da medida, que foi elogiada por empresários

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social divulgou ontem as novas taxas a serem cobradas em financiamentos. Para anunciar a redução de até 30% no custo do dinheiro emprestado, o presidente da instituição, Guido Mantega, não esteve sozinho. Numa prática pouco usual, seu chefe, o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, veio a Brasília para acompanhar o anúncio da novidade, que foi aplaudida por todos os segmentos da cadeia produtiva.

Mantega e Furlan, porém, não afinaram o discurso em relação à previsão dos efeitos da medida. Para o presidente do BNDES, o efeito sobre os financiamento será imediato, ao contrário do ministro, que espera incentivo aos empréstimos no médio prazo.

- Não é uma boa ação, é um investimento inteligente em gestores que vão contribuir para a economia e para o banco - disse Mantega.

Empresários elogiaram a medida, mas aproveitaram para expor as diferenças entre a ação do BNDES e a prioridade da equipe econômica. Eles aproveitaram para defender a ampliação do Conselho Monetário Nacional, proposta já sepultada pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci. O CMN é composto pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, além de Palocci.

- O BNDES está no caminho certo. É por essa e por outras razões que defendo a ampliação do CMN, sem uma visão única. A prioridade do governo já devia ter sido o crescimento - afirmou Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

A queda nas taxas do BNDES foi mais intensa que o corte da TJLP (para 9% ao ano, anunciada em dezembro), o que abriu espaço para pedido de nova redução.

- Por que não temos uma TJLP de 7% ao ano? O risco Brasil é o mais baixo da história - destacou Skaf.

Os presidentes da Confederação Federação da Indústria (CNI) e da Federação das Indústrias do Rio (Firjan), Armando Monteiro e Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, fizeram coro, assim como o presidente da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Newton de Mello.

- As medidas são boas. Mas a política monetária têm de acompanhar isso - disse Mello.

Projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação terão taxa fixa de 6% ao ano a partir de agora, ante os 11,5% cobrados anteriormente.

- Ou nossa indústria se prepara ou será arrasada pela concorrência chinesa e regredirá para a produção de primários - justifica o diretor de Planejamento do BNDES, Antonio Barros de Castro.

Foram anunciadas, ainda, reduções no programa para a produção de bens de capital, a partir da reformulação do programa Modermaq. Também caiu, de 2,5% para 1%, a taxa cobrada a empréstimos para a co-geração e bioeletricidade.