Título: Esquerda tenta consenso para o GDF
Autor: Eruza Rodrigues
Fonte: Jornal do Brasil, 14/02/2006, Brasília, p. D3

A esquerda do Distrito Federal parece empenhada em negociar uma candidatura única ao Palácio do Buriti. Ontem pela manhã PSB, PPS, PT e PCdoB se reuniram para discutir os primeiros passos para a formação de uma frente de oposição ao atual governo do DF. No encontro, os líderes das legendas não falaram de nomes, mas expuseram as facilidades e dificuldades para a formação do acordo. - Discutimos a intenção de sairmos juntos. Ao mesmo tempo que buscamos um nome temos a intenção de respeitar as diferenças nos palanques nacionais - afirmou o presidente do PCdoB no DF, Apolinário Rebelo.

O presidente do PSB local, Rodrigo Rollemberg acredita que os partidos de esquerda, unidos, têm todas as condições de ganhar a eleição. Com a aliança, os partidos de esquerda pretendem preencher pelo menos quatro das oito vagas na Câmara Federal e 12 das 24 na Câmara Legislativa.

- Se começarmos pelos nomes dos candidatos dificultamos o processo. Temos que buscar uma unidade e ampliá-la. Se esses partidos estiverem juntos e se unirem para fazer um programa qualquer candidato terá chances a governador e a senador - analisou Rollemberg, que pretende concorrer a deputado federal.

Apesar de demonstrar interesse em se unir com os demais partidos, o presidente do PT no DF, distrital Chico Vigilante, explicou que o estatuto limita o apoio a candidatos de fora da legenda a algumas condições. Para apoiar um nome de outro partido, um terço do diretório deve convocar um encontro extraordinário para deliberar sobre a candidatura.

- Como a maioria do partido defende uma candidatura nossa, não acredito que isso passe - disse Vigilante.

Rollemberg aposta na construção de um programa diferenciado de governo como a melhor forma de convencer as demais legendas a participarem da aliança defendida, principalmente, por PPS, PDT e PSB. Tanto o PT quanto o PCdoB anunciaram que pretendem lançar candidato ao GDF. Vigilante acredita que será difícil o partido desistir de liderar a chapa.

- Não se trata do PT ou PCdoB abrir mão da cabeça de chapa. Vamos ter que buscar isso sem pressa, precipitação ou imposições - diz Rebelo.

Para Amaury Pessoa, presidente do PPS no DF, a reunião da manhã de ontem foi apenas uma de tantas que devem ocorrer até a definição da frente de esquerda. Na quinta-feira, PPS e PDT se reúnem com PT, PCdoB, PSB, PP e PTB para traçar novas alternativas de oposição à base governista.

Amaury comparou a situação atual da esquerda à corda usada para carregar os caranguejos nos mangues. Quando os caranguejos são soltos, cada um sai correndo para um lado.

- Queremos mostrar que a esquerda não pode mais se comportar dessa maneira. Não temos uma sangria desatada e sabemos que o impossível [aliar os partidos de esquerda]demora um pouco - disse.

PPS e PSB não lançaram candidatos ao GDF. As duas legendas apostam nas candidaturas ao Legislativo local e nacional. Os partidos querem garantir a cláusula de barreira, isto é, devem obter pelo menos 5% do total de votos nacionais para a Câmara Federal e, assim, assegurar o direito de continuar a receber o Fundo Partidário e ter mais tempo de televisão.