Título: Advogado ainda tenta tese de caso extraconjugal
Autor: Cristiane Madeira
Fonte: Jornal do Brasil, 14/02/2006, Brasília, p. D4

O advogado de defesa do réu João Xavier Ribeiro, Pedro Calmon, insistiu com a testemunha sobre um suposto relacionamento amoroso dela com o professor. Roseni respondeu que tinha sido monitora da disciplina de Elídio no segundo semestre de 2004, e que por esse motivo, frequentava o escritório dele, no Setor Comercial Sul, fora do horário de aula. Quando ao local onde conversava com o professor, disse que era do feitio dele conversar com os alunos na saída da faculdade, pois era amável e amigo de todos. Outro motivo, segundo ela, era que Elídio a ajudava com dicas para a monografia de final de curso.

Depois de Roseni, foi a vez da mãe dela, a faxineira Maria Aparecida de Miranda, prestar depoimento. Ela confirmou as ameaças e disse que João Xavier foi até sua casa, quinze dias antes do crime, para dizer que mataria Roseni. Segundo a mulher, o ex-marido obrigava as duas a assinar documentos sem que soubessem do que se tratava.

- Ele usava nosso nome e os sujava. Criou até uma empresa em nosso nome. Não tínhamos conhecimento sobre dívidas. Só fiquei sabendo depois, quando tentei fazer um empréstimo na Caixa Econômica, que ele tinha acabado com meu nome. Hoje ainda estou no Serasa e no SPC. Ele me obrigava a assinar procurações, nunca explicava o que era, dizia sempre que estava com pressa. Ainda recebo diariamente as cobranças vindas da caixa econômica que ele me deixou - contou a ex-sogra do acusado.

Maria Aparecida revelou que João Xavier obrigou Roseni a fazer um aborto quando ela tinha 17 anos. Disse também que o casamento da filha sempre foi conturbado. Quanto ao uso de armas, ela disse que viu o ex-genro portando revólveres somente uma vez, em 1996, quando ele teve um desentendimento com um rival político, candidato a vice-prefeito de Rio Casca (MG), onde residiam à época.

- João Xavier era vereador, brigou com o homem e saiu armado para matá-lo. Mas desistiu ao entrar na igreja e rezar, pois viu que seria melhor se vendesse a arma - disse.

A terceira testemunha a depor foi o estudante Marcelo Melo, colega de Roseni no IESB, do curso de Relações Internacionais. Ele foi uma das testemunhas do assassinato.

- Ouvi o barulho dos tiros me abaixei. Ao levantar, vi um homem de boné saindo em baixa velocidade dentro de um carro popular escuro. Corri até o carro e encontrei o professor morto no chão, e Roseni baleada no banco do motorista. Mas não conseguiu ouvir se houve discussão antes dos disparos entre o atirador e as vítimas - contou. o rapaz.

Marcelo afirmou que o professor nunca fez comentários de mau gosto e muito menos desrespeitosos com as alunas. E que nunca ouviu falar de um caso dele com qualquer estudante.