Título: A rápida recuperação de Lula
Autor: Fernando Nagakawa
Fonte: Jornal do Brasil, 15/02/2006, País, p. A3

Pesquisa CNT/Sensus mostra que presidente abre vantagem de 10 pontos percentuais sobre Serra no segundo turno

BRASÍLIA - A pesquisa CNT/Sensus, divulgada ontem, mostra clara recuperação de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que teve ajuda da boa percepção de programas sociais e dos índices econômicos. Na simulação para um segundo turno contra José Serra, o petista alterou a perspectiva de derrota em novembro. Agora ganharia do prefeito paulistano com vantagem de dez pontos. A avaliação positiva de Lula cresceu para 37,5%. Na pesquisa anterior, realizada em novembro do ano passado, o petista tinha 31,1%. Com essa melhora, Lula comemora o maior índice de popularidade desde julho, antes do início da crise política, quando teve aprovação de 40,3%. No conceito de avaliação positiva, entram todos que o consideram ''ótimo'' (8,5%) e ''bom'' (29%). A avaliação negativa caiu de 29% para 21,4%. Entre os que avaliam negativamente, 8,3% consideram Lula ''ruim'' e 13,1% o classificam como ''péssimo''. Já a avaliação regular teve ligeiro aumento de 37,6% para 40%.

- Notamos uma nítida recuperação - diz o diretor do instituto de pesquisa Sensus, Ricardo Guedes.

Para ele, o resultado está diretamente relacionado com os bons indicadores econômicos, como a inflação sob controle e a melhora do emprego e da renda.

- O eleitor fez uma avaliação mais racional do quadro - acrescenta Guedes.

A análise racional coincide com o esforço do governo de mostrar realizações. Em ações da equipe de comunicação do Palácio do Planalto, são exaltados os principais feitos do governo federal em pouco mais de três anos de mandato. O próprio presidente Lula tem colaborado nos discursos ao comparar as realizações com a administração anterior, de Fernando Henrique Cardoso.

O diretor do instituto observou também que o eleitorado estaria minimizando a crise política gerada pelas denúncias do mensalão no ano passado. Para alguns, isso poderia ser sinal de memória curta do eleitor.

Programas sociais como o Bolsa Família e o Vale Gás, que favorecem o presidente entre os eleitores mais pobres, também tiveram reflexo no resultado da pesquisa. Até mesmo a classe média estaria em processo de melhora para avaliar o governo. Para Guedes, é possível notar dois movimentos nessa fatia do eleitorado.

- Alguns programas sociais, como o ProUni, também favorecem a classe média. Além disso, o noticiário político, que é acompanhado por parte desse eleitorado, dá a impressão de que falta uma unidade no PSDB - disse, ao comentar a disputa interna entre Alckmin e Serra para a eleição.

Com a popularidade em alta, Lula cresceu 10,6 pontos na pesquisa espontânea para a eleição presidencial, passando para 30%. Serra, o segundo colocado, teve 10% e Alckmin, terceiro, 3,8%.

Na pesquisa com lista, em que os nomes são apresentados ao eleitor, Lula vence Serra com vantagem de mais de dez pontos, com 40,2%, contra 28,6% do prefeito de São Paulo. Nessa simulação, o ex-governador do Rio, Anthony Garotinho (PMDB), teria 10,5%. Contra Alckmin, a vitória do petista seria ainda mais folgada, por 42,2% a 17,4%. Nesse caso, Garotinho também aparece em terceiro, com 14,4%.

Na simulação do segundo turno é onde Lula apresenta a melhor recuperação. Em novembro, Serra venceria por 41,5% contra 37,6% de Lula. Em fevereiro, o quadro mudou. Com crescimento de exatamente dez pontos percentuais, o petista seria reeleito com 47,6% das intenções de voto. Já Serra perdeu 3,9 pontos, para 37,6%.

A pesquisa foi realizada com 2 mil pessoas, de 6 a 9 de fevereiro, em 195 cidades.