Título: Lula quer apoio da indústria para 2006
Autor: Sergio Prado
Fonte: Jornal do Brasil, 22/11/2004, O país, p. A4

A costura de Luiz Inácio Lula da Silva para 2006 tem como um dos vértices a firme aproximação com a indústria. No sistema financeiro, o presidente já fincou o pé em 2002, quando ainda era candidato. Ao tentar agora unir em seu palanque estes dois pilares do capital, Lula reafirma mais uma vez a premissa de que a economia manda na política.

O cenário atual vem sendo construído desde o ano passado. Mas ficou ainda mais claro depois da eleição municipal, em que os partidos começaram a corrida pela sucessão presidencial, de governador, senador, deputado federal e estadual.

O chefe do chefe do Executivo intensifica um movimento inédito em direção aos industriais, ao prometer com toda ênfase tocar no Legislativo uma agenda, que em última análise é a demanda mais cara aos empresários. De fato, o governo afirma que trabalha para aprovar a reforma tributária, a Lei de Falências e as Parcerias Público-Privadas (PPP).

- É o resumo do que as empresas estão precisando e isso conta lá na frente, na campanha presidencial - afirma o cientista político Alexandre Barros, da Erly Warning.

O economista Luis Suzigan, da LCA Consultores, acrescenta:

- O governo precisa conferir maior consistência à agenda do crescimento. É vital também, para o PT, mostrar a que veio nas políticas sociais

Tanto Suzigan quanto Barros acompanham os movimento de grandes grupos nacionais e estrangeiros. E entendem que se Lula criar um ambiente de crescimento industrial forte, será difícil que outro nome lhe roube o apoio da iniciativa privada na corrida pelo Palácio do Planalto.

Ouvir de Lula que há firme empenho de tocar no Congresso estas propostas na área econômica soa como música aos ouvidos dos patrões, que o conhecem desde os tempos de sindicalista. Na semana passada, pesos-pesados de todos os setores estiveram em Brasília para pressionar o Congresso a retomar as votações, emperradas pela disputa entre os partidos desde o pleito municipal.

Ao sair de uma reunião fechada de representantes da iniciativa privada com o ministro da Fazenda Antonio Palocci, o empresário Jorge Gerdau Johanppeter sorria como poucas vezes se viu em suas andanças na defesa da reforma tributária. Ele se dizia ainda muito satisfeito com a receptividade do homem forte da economia em relação às suas reivindicações.

- Está claro que o governo apóia (as propostas). O problema é como destravar a Câmara para votar - apontou o dono do grupo Gerdau, que coordena a Ação Empresarial, entidade do capital privado que reúne indústrias, bancos, comércio e agroindústria.