Título: Aliados souberam na véspera
Autor: Patrícia Alencar
Fonte: Jornal do Brasil, 16/02/2006, Brasília, p. D3

O comunicado oficial de que o governador Joaquim Roriz não deixaria o Palácio do Buriti a partir de abril foi feito à base governista na noite de terça-feira. A decisão, ainda que temporária, de encerrar a vida pública não agradou a todos os parlamentares. A nova líder de governo na Casa, Eliana Pedrosa (PFL), acredita que a medida abre espaço para uma composição entre os aliados. - A política é baseada em momentos e por isso tudo pode mudar. Pela história do governador, acho que a decisão será mantida. Também imagino que ele possa voltar atrás - afirmou a pefelista.

Quem comemorou a desistência foram os distritais de oposição. O petista Chico Vigilante vê a decisão como uma grande jogada de Roriz, motivada pela briga interna dos governistas. Já o vice-presidente da Câmara, Chico Floresta (PT), disse que a medida aumenta a chance do seu partido na corrida ao governo do DF.

- Se Roriz está fazendo isso é porque foi constrangido. A idéia dele era fazer barba, cabelo e bigode, ou seja, emplacar os cargos de governador, senador e a maioria na Câmara - avaliou Floresta.

Perda - A reviravolta no jogo político, que impedirá a vice-governadora Maria de Lourdes Abadia (PSDB) de assumir o comando do GDF durante nove meses, deixou o líder do PFL, Leonardo Prudente, surpreso. Para o pefelista, o DF perderá com a permanência do governador no cargo, uma vez que é o maior cabo eleitoral da capital da República.

- Roriz é um grande puxador de votos. Mas devemos respeitar o que ele quer. Um clamor da população pode fazer com que o governador pense mais - disse Prudente.

O líder do PMDB, Odilon Aires, espera que o governador mude de idéia até 31 de março, prazo final para se desincompatibilizar do cargo e concorrer as eleições. A candidatura ao Senado, para o peemedebista, está garantida. O anúncio, se concretizado, levará Roriz a ficar quatro anos sem mandato.