Título: Emprego industrial cresce menos
Autor: Sabrina Lorenzi
Fonte: Jornal do Brasil, 16/02/2006, Economia & Negócios, p. A19

Pelo terceiro mês consecutivo, a indústria reduziu postos de trabalho no país, com leve queda de 0,2% entre novembro e dezembro. Em relação a dezembro de 2004, houve recuo de 0,8%. O resultado piorou o saldo de empregos em 2005, que já se encontrava em desaceleração. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o emprego do setor cresceu 1,1% em 2005. Em 2004, houve aumento de 1,9% no total de vagas da indústria.

Outros indicadores revelam também o freio no emprego. O número de pessoas ocupadas mostrou queda de 0,7% no quarto trimestre, em relação a igual período de 2004 e foi 0,4% menor do que o trimestre imediatamente anterior, na série ajustada com efeitos sazonais.

- Na média de 2005, os resultados foram positivos, mas o crescimento foi menos intenso. Além disso, a base de comparação foi 2004, um ano de forte alta - afirmou Denise Cordovil, da Coordenação da Indústria do IBGE.

A expansão do salário também perdeu o dinamismo que embalou a indústria no início de 2005. Em relação a novembro, na série livre de influências sazonais, houve recuo de 1,2%. Foi a quarta queda consecutiva na folha de pagamento, somando perda de 4,8% entre setembro e dezembro.

O valor real da folha de pagamento acumulou, em 2005, crescimento de 3,4%. Em relação a dezembro de 2004, houve aumento de 0,7%. No quarto trimestre de 2005, em relação ao mesmo período do ano anterior, houve crescimento de 1,8%, ''o que indica desaceleração no ritmo de expansão da massa salarial dos trabalhadores da indústria, já que no terceiro trimestre, o crescimento havia sido de 3,9%'', diz o IBGE.

Análise do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) confirma isso.

''O sinal de alerta já vinha sendo dado há alguns meses: crescentemente, o emprego industrial perdia fôlego, na medida em que transcorria 2005. No fechamento do ano, o saldo ainda foi positivo, mas, na margem, o atual quadro do setor é de retração no emprego'', diz a nota distribuída pelo Iedi.

De acordo com o IBGE, os destaques positivos que contribuíram para a taxa de ocupação de 1,1% no ano passado foram os setores de alimentos e bebidas (7,1%), devido às exportações, e os de bens de consumo duráveis, sobretudo o de meios de transporte (9,0%), favorecido pelas condições de crédito.

As principais influências negativas ocorreram nos setores de calçados e artigos de couro (-11,7%) e madeira (-9,0%). A causa, de acordo com o IBGE, foi a forte concorrência de produtos importados nesses segmentos.