Título: Guerrilha está mais forte
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Fonte: Jornal do Brasil, 16/02/2006, Internacional, p. A9

BRUXELAS - Um relatório da ONG International Crisis Group (IGC), divulgado ontem, mostrou que os insurgentes iraquianos estão cada vez mais organizados e coordenados, ao contrário do que dizem os Estados Unidos. Segundo o estudo da organização, com sede em Bruxelas, a imagem de guerrilha dividida sugerida pelo governo americano está ultrapassada.

A divisão entre os muçulmanos fundamentalistas, seguidores de Abu Musab Al-Zarqawi, líder da Al Qaeda no Iraque, e os sunitas partidários do ex-ditador Saddam Hussein, parece ter dado lugar ao objetivo comum de forçar a retirada das forças de coalizão, liderada pelos EUA. Os diversos grupos de rebeldes iraquianos estão adotando métodos de ação cada vez mais parecidos, conquistando coordenação e confiança, de acordo com o relatório.

Analisando gravações de comunicação de vários grupos desde meados de 2003, até janeiro deste ano, os peritos da ICG verificaram uma convergência gradual de declarações que tendem a insistir sobre temas de religião, história e política. O destaque na identidade sunita aumenta nos grupos islâmicos, enquanto as facções mais seculares se aproximam da defesa da jihad, a guerra santa.

As analogias são evidentes também nas estratégias militares, que segundo o relatório, têm quatro bases comuns: a guerra de desgaste contra as forças de ocupação; o boicote de toda e qualquer normalização política; a luta impiedosa contra os inimigos internos, os colaboracionistas; e o uso de operações espetaculares. O estudo apontou, ainda, os principais grupos que atuam no país, com destaque para o braço da Al Qaeda no Iraque.

Na Jordânia, nove pessoas, inclusive o líder terrorista Zarqawi, foram condenadas à morte por sua participação no complô para atacar, com armas químicas, alvos centrais do governo de Amã, segundo autoridades jordanianas. Com a nova condenação à revelia, já são três as penas de morte impostas a Zarqawi em seu país. O terrorista está foragido desde 1995.

A conspiração foi descoberta em abril de 2004 pelos serviços de inteligência do país, e consistia em planos para atacar a sede dos serviços de espionagem da Jordânia, além do escritório do primeiro-ministro e da embaixada dos EUA na capital.