Título: Álcool aditiva preços em janeiro
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Fonte: Jornal do Brasil, 10/02/2006, Economia & Negócios, p. A19

Inflação medida pelo IPCA acelera e fecha em 0,59% puxada por alta de 9,87% no combustível, aponta IBGE

A alta de 9,87% no preço do álcool combustível verificada na virada do ano levou a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) a acelerar para 0,59% em janeiro, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em dezembro, o índice registrou 0,36%.

O resultado ficou levemente acima das previsões de analistas. Segundo o último Boletim Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central, a expectativa era de alta de 0,55%.

O álcool representou a principal pressão sobre os preços no início deste ano, com impacto de 0,11 ponto percentual. A gasolina, que tem 25% de álcool em sua composição, acompanhou o movimento e subiu 1,19% em janeiro.

A elevação do preço do álcool, puxada pelo período de entressafra da cana-de-açúcar, levou o governo a fechar um acordo com os usineiros. Apesar disso, os principais indicadores de inflação do país registraram altas expressivas do combustível.

As passagens de ônibus urbanos tiveram o segundo maior impacto no IPCA. O reajuste de tarifas em Belo Horizonte, de 12,5%, e em Brasília, de 21,05%, elevou as passagens em 1,82% acima da média nacional. No Rio de Janeiro, houve reajuste de 5,56%.

Os planos de saúde representaram uma pressão adicional para a taxa de inflação do início do ano. O índice captou a diferença entre o reajuste que vinha sendo praticado e o que foi autorizado pela Justiça nos contratos antigos (anteriores a 1999) de determinadas operadoras em algumas regiões. Assim, a variação do item plano de saúde, que mensalmente ficava em torno de 1%, subiu para 1,89%.

Já os produtos alimentícios tiveram alta de apenas de 0,11% no mês passado, contra 0,27% em dezembro. Os destaques foram as carnes (-2,77%) e frango (-3,60%). Já açúcar refinado (6,10%) e açúcar cristal (12,80%), ainda por conta da entressafra, tiveram altas representativas.

A eliminação do encargo de capacidade emergencial das contas de energia elétrica, o chamado seguro-apagão, fez com que o item registrasse deflação de 0,94%. A cobrança do encargo foi iniciada em fevereiro de 2002 para a manutenção de usinas térmicas que podem ser acionadas em caso de emergência.

Entre as regiões pesquisadas, a maior inflação foi registrada em Belo Horizonte (1,48%) por conta do reajuste da tarifa de ônibus urbano. O menor índice ficou com Recife (0,02%). São Paulo registrou alta de 0,30% e o Rio de Janeiro, de 0,80%.

O IPCA é o índice que baliza as metas de inflação definidas pelo Banco Central. Para 2006, o BC persegue uma meta de 4,5%, com margem de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.