Título: Garotinho nas mãos dos paulistas
Autor: Juliana Rocha
Fonte: Jornal do Brasil, 16/02/2006, País, p. A3

O pré-candidato à Presidência pelo PMDB, Anthony Garotinho, teve as chances de concorrer ao Planalto reduzidas ontem, durante a reunião da Executiva, em Brasília, que definiu as regras para as prévias do dia 19 de março. A pedido do deputado Jader Barbalho (PA), os estados com mais eleitores e maior bancada peemedebista no Congresso terão maior peso nos votos para definir o candidato do partido. São Paulo, que apóia o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, será a região mais com mais poder na escolha. O índice ainda não foi calculado, mas o presidente do PMDB, Michel Temer, acredita que o Rio Grande do Sul deve ser a segunda região mais importante. Rio de Janeiro e Goiás ¿ contabilizados por Garotinho como aliados ¿ também estão entre os principais estados. O fiel da balança na disputa será Minas Gerais. Os dois pré-candidatos esperam os votos dos correligionários mineiros.

¿ Tenho recebido apoio não só de São Paulo e Rio Grande do Sul, mas também de Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná e Pernambuco ¿ destacou Rigotto, que sai de licença do governo do Rio Grande do Sul no próximo dia 26 para percorrer os diretórios. A assessoria de Garotinho informou que ele não estava contabilizando a votação por Estados, mas esperava, no geral, ser escolhido por 67% dos delegados do PMDB.

Outro obstáculo para Garotinho será o desempenho de Lula na pesquisa de intenção de votos da CNT/Sensus. O levantamento animou a ala do PMDB que defende aliança com o presidente nas eleições deste ano. O grupo governista já tinha jogado a toalha diante da idéia de candidatura própria, mas voltou a ter argumentos para indicar um nome a vice na chapa presidencial: Lula aparece com 10 pontos percentuais de vantagem sobre o tucano José Serra ¿ até então o melhor adversário.

Na reunião da Executiva, líderes, governadores e parlamentares peemedebistas favoráveis à candidatura própria posavam para fotos como se a discussão estivesse encerrada. Instalou-se, porém, um clima de tensão quando foi confirmada a ausência do presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e do senador José Sarney (AP) ¿ dois importantes caciques do partido e entusiastas da coalizão com o governo nas eleições.

¿ Com o crescimento de Lula nas pesquisas, esse grupo que apóia a coligação com o presidente ganha força. Eles são minoritários, mas de grande importância dentro do partido. Afinal, Renan é presidente do Senado e Sarney foi presidente da República ¿ destacou o deputado federal Moreira Franco (RJ), que diz apoiar Garotinho.

A assessoria de Calheiros informou que ele não queria comentar sobre a reunião e não esteve presente porque tinha outros compromissos. No gabinete de Sarney, a informação é de que estava viajando.

Na opinião de Moreira, é pouco provável a suspensão das prévias. Quem sair vitorioso e conquistar a vaga de candidato à Presidência sofrerá um período de perseguição até o início da campanha. Ainda assim, não está assegurado que os 15 candidatos competitivos do PMDB a governos estaduais apóiem o postulante à Presidência. Em algumas regiões, PT e PMDB são antigos aliados e, com o fim da verticalização, peemedebistas podem ceder palanque para o presidente Lula.

¿ Quem vencer as prévias terá de unir o partido e expressar os interesses destes candidatos aos governos estaduais ¿ alertou o deputado Moreira Franco.