Título: Muralha contra têxteis chineses
Autor: Fernando Nakagawa
Fonte: Jornal do Brasil, 10/02/2006, China, p. A18

Acordo abrange cerca de 60% das exportações do país asiático para o Brasil

BRASÍLIA - Brasil e China assinam hoje memorando para autolimitação no comércio de produtos têxteis entre os dois países. De acordo com nota divulgada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a delegação brasileira teve uma ''vitória'' ontem ao conseguir que as autoridades chinesas aceitassem restrição para a exportação de cerca de 70 produtos têxteis ao Brasil.

De acordo com o texto divulgado pelos dois países, as exportações chinesas para o Brasil deverão respeitar patamar pré-estabelecido entre os anos de 2006 e 2008. Haverá cotas para os vários produtos. No caso dos tecidos de seda, por exemplo, o crescimento das importações não pode passar de 9% (ou 66 toneladas) em 2007 e 10% (ou 73 toneladas) em 2008. Para 2006, os números serão calculados e divulgados após o início da vigência do acordo.

''Estamos satisfeitos com o resultado das negociações conduzidas com êxito pelo governo em parceria com o setor privado'', disse em nota o secretário de comércio exterior do ministério, Ivan Ramalho, que está em Pequim e negociou o acordo com o governo chinês.

O acordo que prevê a adoção de limitação voluntária em oito categorias de produtos têxteis e de vestuário, totalizando aproximadamente setenta produtos, cobre cerca de 60% das importações brasileiras. O memorando passará a vigorar 30 dias após a assinatura dos ministros Luiz Fernando Furlan e Bo Xilai, de comércio exterior da China, o que deve acontecer nos próximos dias, segundo o ministério brasileiro.

Ramalho comentou, ainda, que o modelo do entendimento entre o Brasil e a China só foi assinado pelas autoridades chineses em negociação com os Estados Unidos e a União Européia.

''Naqueles casos, contudo, o percentual de cobertura do acordo foi consideravelmente inferior. No caso americano, somente 45,8% e no caso europeu 30%'', afirmou, ao lembrar que a cobertura do acordo brasileiro é de 60%.