Título: PT e PSDB escolhem suas lideranças
Autor: Daniel Pereira e Renata Moura
Fonte: Jornal do Brasil, 16/02/2006, País, p. A5

BRASÍLIA - De olho nas eleições de outubro, PT e PSDB escolheram ontem os líderes de suas bancadas, respectivamente, no Senado e na Câmara. Apelidada de ¿Lula de saia¿, pela sua afinidade com o presidente da República e a defesa veemente do governo, a senadora Ideli Salvatti (SC) comandará, por aclamação, os petistas no Senado. Ontem, Ideli deu o tom de sua atuação ao defender a comparação entre as gestões atual e anterior e instar o partido a enfrentar os tucanos no embate ético. Na Câmara, o PSDB elegeu o deputado Jutahy Júnior (BA) para exercer a liderança na Casa. Defensor da candidatura do prefeito José Serra à Presidência da República, ele venceu por apenas sete votos de diferença o colega João Almeida (BA), afinado com quem defende a pré-candidatura do governador Geraldo Alckmin. Jutahy prometeu mobilizar a bancada para bater firme no governo.

A escolha dos líderes partidários movimentou a abertura dos trabalhos do ano legislativo. O PP ¿ que há quase quatro meses estava sem líder devido ao afastamento, por alegadas razões médicas, de José Janene (PR) ¿ proclamou Mário Negromonte (BA) líder da bancada na Câmara. Já a bancada do PL na Casa escolheu o deputado Luciano Castro (RR). Até então, era liderada pelo deputado Sandro Mabel (GO), que foi processado por quebra de decoro parlamentar na esteira do escândalo do mensalão, mas inocentado pelo Conselho de Ética e plenário.

O PPS optou pela substituição de Dimas Ramalho (SP) por Fernando Coruja (SC), por decisão unânime. No PSDB, a eleição revelou o racha na hora de escolher o nome do seu candidato presidencial.

¿ A bancada vai atuar unida para que projetos importantes sejam aprovados e a legenda ganhe as eleições deste ano para a Presidência da República ¿ anunciou Jutahy.

Durante a votação no Conselho de Ética da Câmara do processo de cassação de mandato do deputado Roberto Brant (PFL-MG), Jutahy deu mostras de seu estilo negociador. Ao lado do então líder do partido, Alberto Goldman (PSDB-SP), assumiu uma cadeira no conselho apenas para votar pela absolvição do pefelista. Para alguns parlamentares, Jutahy demonstrou que será peça importante nas negociações de aliança com o PFL. Seu líder, Rodrigo Maia (PFL-RJ), foi reconduzido ao cargo em dezembro.

No Senado, os petistas entoaram um coro afinado. Considerada candidata natural à liderança do PT até o início do ano, a senadora Ana Júlia Carepa (PA) abriu mão do cargo em nome do projeto do partido. Contra ela pesava, por exemplo, um discurso mais à esquerda sobre a política econômica. O senador Eduardo Suplicy (SP) mostrou-se indiferente e desistiu do posto. Mas foi convidado a assumir a vice-liderança do governo no Senado, o que poderia reaproximá-lo do Planalto, para colegas de partido.

Suplicy reconheceu que a assinatura do requerimento da CPI dos Correios antes de uma decisão da bancada petista nesse sentido pode ter prejudicado sua candidatura à liderança.

¿ Ideli é a mais alinhada com o governo num momento em que é preciso o debate ¿ proclamou o senador Delcídio Amaral, ex-líder do PT no Senado.